Havia
pouca gente naquela vila. Quase ninguém. Uma vila adjacente à cidade dos
homens, campos das mulheres, montanhas de pessoas. E por ser assim, praticamente
um deserto de concreto e neon, é que já não fazia mais sentido permanecer por
ali. Era preciso um fato novo, uma experiência, um desafio. Algo que
transcendesse, que libertasse. Mas os sujeitos hesitam muito em abandonar o
passado, chamando-o equivocadamente de presente, coisa tradicionalmente
hereditária, cultural, costumeira, de resistir bravamente até o fim, como se houvessem outros inimigos num front cujo oponente é uma outra parte de si mesmo. Um conservadorismo
motor correndo nas veias latinas de ser usurpado pelo destino mais forte. Um protocolo,
talvez. Então há momentos na vida em que se faz necessário quebrá-lo, em mil
pedacinhos acrescentados ao pó da estrada, rompendo laços físicos sem mexer na emoção, bomba de hidrogênio. De porte de uma
habilidade manual precisamente cirúrgica, fez as malas, poucas malas. Nas malas da alma, não cabe quase nada além de algumas mudas de consideração, trouxas de
moral, sacos de virtudes, pastas de aprendizado e pilhas de esperança. Pronto, a bagagem está
completa, é hora de partir. O espírito vai na frente, bem adiante, abrindo o caminho e
mandando notícias, dos dois mundos temporais, tentando alcançar um verdadeiro
presente. Para quando o corpo chegar, não mais se surpreender com solidões ao
lado, silêncios ao fundo e perspectivas em lugar nenhum...
"Home" / Daughtry
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