TAÇAS FALSAS
A dor abdominal interrompeu aquela outra noite sem sonhos.
Fruto podre de uma alimentação esparsa, novamente serviu-se de ácidas taças do próprio
suco a banhar seus terminais sensitivos, depurando aquilo que jamais prestaria.
Autofagia moral, naquele mundo sem mesas nem convidados, a festa singular
prosseguia pela madrugada como se o breu fosse o avesso do organismo. Para que
toalhas, se já não há nada a servir, sobre pratos e talheres inúteis e
trancafiados como seu sentimento. É a
transformação em sinais, a qual todo ser mutante deve sofrer, um estágio
terreno a ser transposto, assumindo em breve outra forma de viver. Sem
arrependimentos, a normalidade em ora mal digerir, ora regurgitar aquilo que vem à boca da alma. Findo o encontro noturno, é hora de nova chance despertar o dia, para
todo homem que abraça o seu destino, sem fazer de qualquer substância, um
instrumento de fuga para longe dali, ou seja, para lugar nenhum. Os segundos
ardem, os minutos queimam, as horas ferem, mas o tempo não deixa de formar a cicatriz. A cura,
é tão próxima quanto o rubor. Basta ter a consciência de que todo alimento espiritualmente
impróprio, pereceu nos dias antes do ontem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário