BENDEGÓS
Seu corpo celeste, vaga em desatino por um universo indefinido. Queria romper
alguma atmosfera, para incandescer aos olhos de alguém. Um alguém que
concebesse sua chegada, como muito mais do que um simples fenômeno da natureza. Mas,
destituído de magnitude suficiente para ser reconhecido, passava longe das
angulares de qualquer observatório. Por isto, durante toda a existência, sua
trajetória apenas tocava a tangente das órbitas alheias, seguindo adiante sem a
oportunidade da visita. Esta vontade de ser cadente, só se manifestava quando diante
das raras e involuntárias aproximações astrais. Superadas, sempre foi hora de
partir, nunca permanecer. Então, o céu para ele era a estrada, sob um árido deserto cheio de estrelas. Cada planeta possível, uma sentença contrária. Guardava como consolo, a infinitude da
via láctea. Ou seja, uma escuridão que não mostrava os horizontes, porque eles não
existiam. Um quasar forasteiro, só fazia desviar dos satélites, artifícios dos
homens, num caminho sem destino. Isto significava vagar pela vida, e ele nunca
soube que tinha por dever, ir em sua própria direção. Dizia que possuía
energia, mas não houve alguém que a identificasse, como se fosse luz. Esta é a razão
pela qual ele não passa de um mero corpo celeste, que vaga em desatino por um universo
indefinido. Seu espaço, habitat eternamente espacial. Mas a utopia de se chegar ao
solo, jamais deixará de fazer parte da história de quem ousa sonhar..
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