quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Evento S.A.R. / Síndrome do Sentimento Possessório


Se a Medicina a identificou eu não sei. Apenas sei que ela está aí, em pleno meio ambiente, desempenhando seu melindroso papel sobre o palco dos relacionamentos humanos, felizmente não de todos. Importa é que outras pessoas a percebam, a partir de suas raízes, compreendendo assim suas origens, ou para aceitá-la mais comodamente, ou principalmente rejeitá-la (friso meu).

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Somos formalmente educados de uma maneira que nos leva a conceber a vida como um fenômeno homogêneo. Significa dizer que tudo parece ser uma coisa só. A unicidade do corpo humano leva a crer que o nosso mundo é o único possível, uma espécie de antropocentrismo privado, onde o planeta gira em nossa função, de mais ninguém como se fossemos realmente a única iluminada das gotas do oceano.



Por um lado, isto é uma verdade relativa, posto que cada um de nós tem responsabilidade por seus próprios atos ou omissões, é sujeito de si mesmo perante seus deveres e obrigações, também seus direitos. O que traz esta relatividade, é uma concepção da qual nem todos têm consciência: a vida em sociedade, a qual é, por essência, uma vida de relação. Mas quando uma verdade é relativa, ela deixa de ser única, por admitir novas possibilidades, em função de outros pontos de vista sobre um mesmo objeto, nem tão absoluto assim.


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E este processo educacional, tão tradicional para não dizer arcaico, paradoxalmente à medida que acompanha as gerações, deixa de se atualizar ao longo delas. É uma herança maldita que recebemos num momento em que não estamos preparados para dizer não. Recepcionamos tal ensinamento, sem questioná-lo como se deve, por acharmos que deva ser o correto. Até aí, permanecemos cegos da visão crítica, passeando às escuras por um medievo castelo que não fomos nós quem construiu.



Esta linha de raciocínio, de cunho egoísta e segregador, faz querer o mundo para si da forma de lhe convém, ou rejeitar tudo ou toda forma que não lhe convier. Não importando as outras concepções, as outras formas de pensamentos, as novas possibilidades: a vida é o que se quer que ela seja. Mesmo que isso não signifique a verdade. Basta uma versão do mundo para que as coisas ao redor sejam do jeito que um indeterminado alguém queira que seja. Mais ninguém pode querer, apenas esta pessoa.


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Nenhuma variante do egoísmo é dormente. Ele sai para fora, cai do mundo, se explicita como num show de boate soturna. É a exteriorização do ego na forma de vontade, revelando desejos e demonstrando poderes, cuja força dependerá de onde ela é empregada. A Física elementar, pelas reações oriundas de uma ação, mesmo que esta seja por sua vez, reacionária.


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Em geral, é óbice ao movimento, ao curso natural da vida, em razão do medo diante de toda possibilidade de transformação. Pessoas portadoras desta síndrome, na mais tênue eventualidade de mudança de seu status ou do status de suas coisas, já se investem como defensor mor de sua “propriedade”. Sim, infelizmente, estes doentes consideram que os seus próximos também tem natureza jurídica de propriedade. Como se fosse possível e não desumana a subsunção de um ser humano ao exercício de sua posse por parte de outrem. A escravidão, desde então, modernizada.



O jargão popular traduz isso em uma das mais temíveis e fatais palavras da língua portuguesa, que faz adoecer um relacionamento: o ciúme. Ele é autônomo, posto que se explica, justifica atos, determina comportamentos, atenua condutas, disfarçando aos incrédulos o mal nele contido. Contraditoriamente, é um ente abstrato que denota total e irrestrita dependência do outro. Portanto, sua autonomia é falaciosa, cai por terra diante de tal contracenso. Como pode algo dependente ter vida própria? Não mesmo, é caso de sobrevida.


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Na verdade, o ciúme é a mais clara manifestação de insegurança. Tolos são os que acham que ele é exemplo demonstrativo de um sentimento denominado amor. Não, não é nada disso. O amor verdadeiro, este possui outra dimensão. E cá, sobre a Terra, são poucas as pessoas que o vivenciaram. A grande maioria confunde, sentindo ciúme imaginando que isso é amor.



Por sua vez, a insegurança provém de vários fatores, a começar pela falta de confiança. Não a confiança no próximo, mas em si mesmo. A pessoa ciumenta, não consegue definir o próprio sentimento, pois duvida da reciprocidade a todo instante, não sem razão. Porque é o próprio ciúme que interfere negativamente nesta reciprocidade, fragilizando-a, inoculando o medo da perda, culminando na violência advinda do seu ilusório “poder”.



Ele dispara, atinge, fere e às vezes até mata um relacionamento. Arma branca? Não, é transparente. Algo que teve um dia a mais pura das intenções, agora se encontra no front de artilharia. Falsa alquimia que tenta transformar uma pessoa humana em objeto, não consegue. Não consegue porque a alma é intangível. Porque ninguém é capaz de tocar em nosso coração. Nem nós mesmos. Como apoderar-se então? Jamais.



Não, ciúme não é amor. Ciúme é um baixo sentimento de caráter material, com o único intuito de fazer com que o outro integre o seu acervo. Tal como se faz com os bens móveis, imóveis ou semoventes.


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O amor, possui outra dimensão, muito além da material. É outro plano de vibração. Por isto, sabe-se que este “sentimento possessório” não é o amor. Aquele, tem seus sinais e sintomas, os quais em conjunto caracterizam uma síndrome. Como doença, necessita ser tratada, mas a cura nunca virá durante uma relação. É preciso estar pronto, então livre destas sensações de posse, sem riscos de recidiva, para se poder iniciar um novo relacionamento. Pois aquele que estava sendo mantido nesta base, já foi contaminado pela síndrome.



Eu não sei o que é o amor. Mas tenho convicção de que esta síndrome, não é. Longe disso, o amor deve estar num plano altivo, longínquo, mas imaginável. Não posso dizer o que ele é, mas afirmo com segurança o que ele não é. Porque o amor verdadeiro não gera ciúme. Seus sinais e sintomas são de outra natureza, relacionam-se à natureza humana. O ciúme prende-se rasteiramente à natureza animalesca e selvagem, por vezes tocando a irracionalidade, coisa de involução. O amor, é progresso, tranquila e dimensionalmente infinito.


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Enquanto as relações pautarem-se no sentimento de posse, não haverá felicidade. E sim um duelo (mais interior do que externo) marcado pela subserviência, pelo apego desmedido, pela submissão e pela abdicação de vontades que só desejavam um pouco de paz individual num mundo plural e socialmente melhor. Precisa-se recortar o tempo quando se divide o mesmo espaço. Distribuição de energia, equilíbrio, serenidade e confiança. Do contrário, não será mais o afeto que mediará e sustentará as relações humanas, e sim um balaio repleto de estagnação, conveniências, interesses, conformismo e desesperança, sem espaço para o amor e a saúde que dele emana.




Ter amor, é não sentir ciúme. Ter ciúme, é não sentir amor.



“O ciúme é muitas vezes uma inquieta necessidade de tirania aplicada às coisas do amor.” - Marcel Proust


"Panis et Circenses" 

- de Caetano Veloso, versão Boca Livre















quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

AUTORALLIA << A Árvore Morta / por Vodkovski



A ÁRVORE MORTA 
O tronco bífido soergue-se para o alto, dividido em outros galhos também ressecados que apontam em divergência para os céus de anil. Feito braços estendidos que um dia suplicaram algo em função da condição vida, a ausência total de folhas ao redor da espécie indica que ali houvera um passado. Sinal que, no homem, não é demonstrado pela presença ou não de quaisquer matizes. Mas há semelhanças. Origens terrenas, busca de luz, braços abertos, necessidades básicas predominantemente potáveis. E a proximidade por alguns humanos viverem de forma vegetativa, em relação aos seus desejos. Diferenças, também se encontra. Como no exemplo do enfrentamento às intempéries. Elas, nunca recuam; nós, por vezes nos escondemos movimentando nosso tronco relativamente móvel, através dos membros cineticamente voluntários, não necessariamente bem orientados. Isto mesmo, somos voluntários de uma pátria que não conhecemos. Da pátria livre, livre em consciência. Pois nem os exemplos da natureza nos servem como guia para compreendermos a importância do viver bem. Por isto parecemos, quando ainda por aqui, com tais árvores que já se foram há tempos do nosso espaço. É quando fazemos morrer nossos sonhos, submetendo-nos ao parasitismo dos que não têm capacidade individual para sentir. Estes, precisam do outro para florescer, em cores pálidas de um futuro impávido que nunca virá. Porque as trepadeiras, só se criam sobre seres descuidados, isto é, ignorantes de sua própria condição de vida, são os que não reconhecem que todo dia, é um dia de luz. Senti-la, é questão de fibra, ou também de honra...  



domingo, 24 de fevereiro de 2013

homoAFFECTIVA


 "Super-Homem (A Canção)" 
 - Gilberto Gil 












 "Superman (It's Not Easy)"   
 - John Ondrasik / Five For Fighting 
















[As Sensações] - segundo Arthur RIMBAUD, em 2 tempos


 1  

Pelas tardes azuis do Verão, irei pelas sendas, guarnecidas pelo trigal, pisando a erva miúda: sonhador, sentirei a frescura em meus pés. Deixarei o vento banhar minha cabeça nua. Não falarei mais, não pensarei mais: mas um amor infinito me invadirá a alma. E irei longe, bem longe, como um boêmio, pela natureza - feliz como com uma mulher. 


 >> "Imagine" (John Lennon) 
 Steve & Massy cover acoustic 


 2  

O poeta se faz vidente por meio de um longo, imenso e refletido desregramento de todos os sentidos. Todas as formas de amor, de sentimento, de loucura; ele procura ele mesmo, ele esgota nele todos os venenos, para só guardar as quintessências. 


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

coisas do braSil


 o "Trenzinho Caipira" de heitor villa-lobos 
 por Alexandre Gismonti 




BICHOS emocionais DO PARANÁ racional - "SE EU CORRO"


Num mundo nacional onde os grandes mass media estão diuturnamente maculando princípios federativos, por estarem explicitamente pactuados com os estados do “eixão” e suas respectivas cartilhas que não mais escondem seus particulares interesses mercadológicos, é somente a arte que pode fazer-se notar, quando não se é integrante nem submisso a esse establishment. A doçura e a leveza, a simpatia e o carisma desta intérprete, dão o alívio e a identidade que precisamos para tocar a vida musical e poeticamente sem dependências, tão pouco regionalismos, mas com muita emancipação: apenas gente nossa, que também faz. Com reverências, um trecho da arte de Uyara Torrente & "A Banda Mais Bonita da Cidade”: “SE EU CORRO”.. 
e boa viagem... 




RECUERDOS de YPACARAÍ - DON'T STOP BELIEVIN'


 DON'T STOP BELIEVIN' 
 - JOURNEY -  




ATEMPORAIS - "Bridge Over Troubled Water"


 SIMON & GARFUNKEL 
 "bridge over troubled water" 



 "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, 
 mas na intensidade com que  acontecem. 
 Por isso existem momentos inesquecíveis, 
 coisas inexplicáveis 
 e pessoas  incomparáveis." 

 - Fernando Sabino - 


AUTORALLIA << A flor que não sabia sua cor / por Cabrillu Zão





A FLOR QUE NÃO SABIA SUA COR 
Ser uma flor lhe bastava. Desatacava-se naquele jardim suspenso, vivendo sob costumeiros elogios. Então ela cultivava opiniões alheias como se fossem o alcance de seus limites. Também porque a natureza verdadeira não admite espelhos. Coitada, seu referencial estava deslocado de seu próprio centro. Achava que ela era, podia ser ou representara, apenas aquilo que vinha das palavras ao seu redor. Mesmo assim, curtiu dessa maneira por toda a vida. Até que um dia, apareceu subitamente naquele jardim de seu tempo, um determinado passageiro. Veio do nada, nada pediu e nem permaneceu, mas apontou-lhe a direção do caminho para o tudo. Entretanto, foi o medo diante da eminente felicidade que a fez retroceder. Reconheceu nele o complemento de seu destino. Pois somente ele lhe diria, em forma de carinho e companhia, tudo sobre a sua verdadeira cor. Algo fundamental, dessas coisas que a gente urge, por nós mesmos. Mas do seu silêncio fez-se a chuva, permanecendo a bela flor sob o tênue abrigo dos hábitos, um espaço de olhares e frases sempre comuns, porém distante de sua própria essência, então desprotegida sua beleza. Porque ela escolheu restar ali, e de sua cor prosseguir sem nada saber... 


seringa TRÍPLICE



 "É doce morrer no mar" 
 Dorival Caymmi & Jorge Amado 



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

CLIP - KARONA c/ Susana Félix & Jorge Drexler


 'a idade do céu' 
 de 
 PAULINHO MOSKA 




Friends & Songs


 Sir Paul McCartney  
 & Joe Walsh 

 "MY VALENTINE" 


 Soneto do Amigo - Vinícius de Moraes 

 Enfim, depois de tanto erro passado 
 Tantas retaliações, tanto perigo 
 Eis que ressurge noutro o velho amigo 
 Nunca perdido, sempre reencontrado. 

 É bom sentá-lo novamente ao lado 
 Com olhos que contêm o olhar antigo 
 Sempre comigo um pouco atribulado 
 E como sempre singular comigo. 

 Um bicho igual a mim, simples e humano 
 Sabendo se mover e comover 
 E a disfarçar com o meu próprio engano. 

 O amigo: um ser que a vida não explica 
 Que só se vai ao ver outro nascer 
 E o espelho de minha alma multiplica... 



La esencia femenina de América Latina / RIHANNA


 Rihanna 
 > Barbados 

 - uno(a) de los(as) artistas más completos(as) del universo 

 * 

 "redemption song" 
 BOB MARLEY 



Das canções mais bonitas do Universo, a 'hors concours'


 "YOU'RE IN MY HEART" 
 ROD STEWART 


 [Você Está em Meu Coração] 

 Eu não soube que dia era 
 Quando você entrou na sala 
 Eu disse um oi despercebido 
 Você disse adeus muito cedo 
 Ventando sobre a clientela 
 Contando histórias que foram tão líricas 
 Eu realmente devo confessar aqui 
 Que a atração foi puramente física 
 Eu adquiri todos aqueles hábitos seus 
 Que no começo foram difíceis de aceitar 
 Seu senso de moda, estampas Beardsly 
 Eu botei à prova 
 A grande mulher de seios fartos com acento holandês 
 Que tentou mudar meus ideais 
 Suas linhas espontâneas foram todas ensaiadas 
 Mas meu coração clamou por você 
 Você está em meu coração, você está em minha alma 
 Você será minha respiração, devo eu envelhecer? 
 Você minha amante, você é minha melhor amiga 
 Você está em minha alma 
 Meu amor por você é incomensurável 
 Meu respeito, imenso 
 Você não tem idade, nem tempo, laço e fineza 
 Você é beleza e garbo 
 Você é uma rapsódia, uma comédia 
 Você é uma sinfonia e uma peça 
 Você é todas canções de amor que já cantei 
 Mas, querida, o que você vê em mim? 
 Você é uma dissertação com glamour 
 Por favor perdoe a gramática 
 Mas você é o sonho de todo estudante 
 Você é o Celtic, United, mas querida eu decidi 
 Você é o melhor time que já vi 
 E já houve muitos casos de amor 
 Muitas vezes eu pensei em cair fora 
 Mas eu mordo meu lábio e me viro 
 Pois você é a coisa mais quente que achei 


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Seção AMOR LIVRE

 "SWEET CHILD O' MINE" 
 GUNS N' ROSES 


 versão Harp Twins (Camille & Kennerly) 

 versão Trace Bundy

 versão Rebecca Roudman

 versão vkgoeswild 

 versão Slash & Myles Kennedy 



domingo, 17 de fevereiro de 2013

AUTORALLIA << Bendegós / por Neruda Paulífero




BENDEGÓS
Seu corpo celeste, vaga em desatino por um universo indefinido. Queria romper alguma atmosfera, para incandescer aos olhos de alguém. Um alguém que concebesse sua chegada, como muito mais do que um simples fenômeno da natureza. Mas, destituído de magnitude suficiente para ser reconhecido, passava longe das angulares de qualquer observatório. Por isto, durante toda a existência, sua trajetória apenas tocava a tangente das órbitas alheias, seguindo adiante sem a oportunidade da visita. Esta vontade de ser cadente, só se manifestava quando diante das raras e involuntárias aproximações astrais. Superadas, sempre foi hora de partir, nunca permanecer. Então, o céu para ele era a estrada, sob um árido deserto cheio de estrelas. Cada planeta possível, uma sentença contrária. Guardava como consolo, a infinitude da via láctea. Ou seja, uma escuridão que não mostrava os horizontes, porque eles não existiam. Um quasar forasteiro, só fazia desviar dos satélites, artifícios dos homens, num caminho sem destino. Isto significava vagar pela vida, e ele nunca soube que tinha por dever, ir em sua própria direção. Dizia que possuía energia, mas não houve alguém que a identificasse, como se fosse luz. Esta é a razão pela qual ele não passa de um mero corpo celeste, que vaga em desatino por um universo indefinido. Seu espaço, habitat eternamente espacial. Mas a utopia de se chegar ao solo, jamais deixará de fazer parte da história de quem ousa sonhar..



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

KAMASUTRA


"FANTASY MAN"

THE SWELL SEASON




 Prosopopeia do Não Sentimento 

Naquele viver anacoluto, a característica paronomásia do coleguismo, ao lado de amizades em elipse. Metafóricas paixões, nunca se transformavam em amores, todos sinestésicos por antecipação. Sua realidade, era periodicamente construída por figuras paralelas à verdade, linguagem avessa ao pulsar das veias azuis de carbônico. De tantos fatos em inversão, o natural cansaço pelo eufemismo, eis que veio o anticlímax da esperança: simplesmente, foi preciso renascer para voltar-se à busca de dias melhores. Um microcosmo do paradigma em seu pequeno universo individual, como se o mundo todo estivesse começando enfim a mudar. Outra forma de expressão, requereu e foi atendido pelo destino, aquele sempre sonhador... 


phOTOCALIGRAfIA





phOTOCALIGRAfIA




phOTOCALIGRAfIA





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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Evento S.A.R. / "Ramble On"


 SAFE AND RESCUE 

JIMMY PAGE & FOO FIGHTERS 
 >> "Ramble On" << 




 Busca e Salvamento - MARINST 



ESSENCIALISMO - LED ZEPPELIN


 "STAIRWAY TO HEAVEN" 
 Jimmy Page & Robert Plant 
 by 
 Ann & Nancy Wilson / HEART 


OPINIÃO - MARCELO DEL DEBBIO 
em >> http://www.deldebbio.com.br/2010/10/07/stairway-to-heaven/


Para entendermos o significado da letra, precisamos colocar a música e o próprio Led Zeppelin dentro do contexto na qual ela foi escrita. Jimmy Page e Robert Plant. A música foi composta em 1970-71, bem no período onde Page morou em Boleskine e era dono de uma livraria especializada em ocultismo, a “The Equinox Booksellers and Publishers” e chegou a publicar alguns textos deAleister Crowley, apesar de nunca ter se iniciado formalmente na Ordo Templi Orientis. Sabendo disso, podemos colocar a música em sua perspectiva correta: Assim como os graus nas Ordens que vieram da Rosa Cruz (como a Golden Dawn, por exemplo)todo o processo de evolução caminha na subida alegórica pela Escada Celestial (Starway) e é disso que a música trata.
There’s a Lady who’s sure,
All that glitters is gold,
And she’s buying a Stairway to Heaven.
Esta “Lady”, ao contrário do que as pessoas imaginam, não é a Shirley Bassed (essa idéia apareceu em uma referência de Leonard tale no CD Australiano). A “Lady” que Robert Plant fala é Yesod, a Qualidade Universal do Espírito, a Princesa aprisionada dos contos de fada, a vontade primordial que nos leva á meditação, ao auto-conhecimento e ao início da Escada de Jacob, que é a Starway to Heaven, (Caminho das estrelas), trocadilho com o nome da música e que também foi utilizado em outros contextos para expressar as mesmas idéias, como por exemplo, no nome “Luke Skywalker” na Saga do Star Wars. Um dia falo mais sobre isso…
Na Mitologia Nórdica, a Lady é Frigga, também conhecida como Ísis, Maria, A Mãe, Iemanjá, Diana, Afrodite, etc… um aspecto de toda a criação e presente em cada um de nós.
Robert plant fará novas referências a esta “Lady Who´s sure” em outras músicas (Liar´s Dance, por exemplo, que trata do “Book of Lies” do Aleister Crowley).
Ao contrário do senso comum, que diz que “Nem tudo que reluz é ouro”, esta Lady possui dentro de si a esperança e o otimismo para enxergar o bem em todas as coisas; ver que tudo possui brilho e que mesmo a menor centelha de luz divina dentro de cada um possui potencial de crescimento.
E dentro deste entendimento, ela vai galgando os degraus desta escada para os céus. Na Kabbalah, os 4 Mundos formam o que no ocultismo chamamos de “Escada de Jacob”, descrita até mesmo em passagens da Bíblia. Esta “escada” simbólica traz um mapa da consciência do ser humano, do mais profano ao mais divino, que deve ser trabalhada dentro de cada um de nós até chegar à realização espiritual.
Aqui que os crentes e ateus escorregam. Eles acham que deuses são reais no sentido de “existirem no mundo físico” e ficam brigando sobre veracidade de imagens que apenas representam idéias para um aprimoramento interior.
When she gets there she knows,
If the stores are all closed,
With a word she can get what she came for.
Aqui é mencionado o “verbo”, ou a “palavra perdida” capaz de dar criação a qualquer coisa que o magista desejar. A Vontade (Thelema) do espírito do Iniciado é tão forte que “quando ela chegar lá ela sabe que se todas as possibilidades estiverem fechadas, ela poderá usar a palavra para criar o que precisar”. Este primeiro verso coloca que a dama está trilhando o caminho até a Iluminação e tem certeza daquilo que deseja, ou seja, conhece sua Verdadeira Vontade..
There’s a sign on the wall,
But she wants to be sure,
’cause you know sometimes words have two meanings.
Ainda trilhando este caminho, a dama precisa ser cautelosa. Porque todo símbolo possui vários significados. Todas as Ordens Iniciáticas trabalham e sempre trabalharam com símbolos: deuses, signos, alegorias e parábolas. Os Indianos chamam estes caminhos falsos de Maya (a Ilusão) e em todos os caminhos espirituais os iniciados são avisados sobre os desvios que podem levá-los para fora deste caminho (ou o “diabo” na Mitologia Cristã).
In a tree by the brook
There’s a song bird who sings,
Sometimes all of our thoughts are misgiven.
A Árvore a qual ele se refere é, obviamente, a Árvore da Vida da Kabbalah, ou Yggdrasil, na Mitologia Nórdica, a conexão entre todas as raízes do Inferno (Qliphoth) e as folhas nos galhos mais altos (Runas). Brook (Riacho) também é um termo usado no Tarot para designar o fluxo das Cartas em uma tirada, e o pássaro representa BA, ou a alma em passagem, considerada também o símbolo de Toth (que, por sua vez, é o lendário criador do Tarot, ou “Livro de Toth”, segundo Aleister Crowley) então a frase fica com dois sentidos: literal, que é uma árvore ao lado de um rio onde há um pássaro; e esotérico, que trata de Toth, deus dos ensinamentos (Hermes, Mercúrio, Exú
There’s a feeling I get when I look to the west,
And my spirit is crying for leaving.
O “Oeste” na Rosacruz, na Maçonaria e em várias outras Ordens Iniciáticas, representa a porta do Templo, os profanos ou a parte de Malkuth, o mundo material (enquanto o Oriente representa a luz, o nascer do sol). Ela não gosta do que vê e seu espírito quer trilhar um caminho diferente.
In my thoughts I have seen rings of smoke through the trees
And the voices of those who stand looking.
Os anéis de fumaça são o símbolo usado para representar os espíritos antigos, os ancestrais dentro do Shamanismo. Os grandes professores e os Mestres Invisíveis que auxiliam aqueles que estejam dentro das ordens iniciáticas
And it’s whispered that soon if we all call the tune
Then the piper will lead us to reason.
And a new day will dawn for those who stand long,
And the forests will echo with laughter.
O “piper” é uma alusão ao flautista, ou Pan. O “Hino a Pã” é uma poesia de 1929 composta por Crowley (e traduzida para o português pelo magista Fernando Pessoa) que trata do Caminho de Ayindentro da Árvore, que leva da Razão à Iluminação e é representada justamente pelo Arcano do Diabo no Tarot e pelo signo de Capricórnio, o simbólico Deus Chifrudo das florestas. As “florestas ecoando com gargalhadas” sugere que aqueles que estão observando (os Mestres Iniciados) estarão satisfeitos quando os estudantes e todo o resto do Planeta chegarem ao mesmo ponto onde eles estão e se juntarem a eles.
If there’s a bustle in your hedgerow,
Don’t be alarmed now,
It’s just a spring clean for the May Queen.
Esta parte não tem nada a ver com garotas chegando à puberdade. As mudanças referem-se à morte do Inverno e chegada da Primavera, que representa a superação das Ordálias e caminhada em direção à Verdadeira Vontade.
Yes there are two paths you can go by,
But in the long run
There’s still time to change the road you’re on.
A lembrança de que sempre existem dois caminhos, e também uma referência ao Caminho de Zain(Espada, que conecta o Iniciado em Tiferet à Grande Mãe Binah, representada pelo Arcano dos Enamorados no Tarot). Separa a parte dos prazeres terrenos (chamados de “pecados” na cristandade ou de “Defeitos Capitais” na Alquimia) e o caminho da iluminação espiritual. A escolha é nossa e é feita a cada momento de nossa vida em tudo o que fazemos, e qualquer pessoa, a qualquer momento pode mudar de caminho (espero que do mais baixo para o mais elevado…)
And it makes me wonder.
Robert Plant coloca várias vezes esta frase na música, em uma referência ao Arcano do louco (e o Caminho do Aleph na Kabbalah), como o sentimento de uma criança que se maravilha com tudo no mundo pela primeira vez (no catolicismo “Vinde a mim as criancinhas”, Mateus 18:1-6 sem trocadilho desta vez). Este é a sensação que um ocultista tem a cada descoberta de uma nova galáxia ou maravilha do universo, ou novas invenções da ciência e a descoberta de novos horizontes. No hinduísmo, esta sensação tem o nome de Sattva (em oposição a Rajas/atividade ou Tamas/ignorância).
Your head is humming and it won’t go,
In case you don’t know,
The Piper’s calling you to join him.
Nesta altura da música, já fica claro que quem a escuta está sendo guiado pela Lady através da Árvore da Vida em direção à Iluminação. O aspirante a Iniciado está sendo conduzido pelo caminho pelo soar da música. Ou, em um caso mais concreto, o mesmo tipo de música que o Blog do Teoria da Conspiração toca para vocês…
Dear Lady can you hear the wind blow, and did you know,
Your stairway lies on the whispering wind.
Esta frase tem duas analogias com símbolos muito parecidos, de duas culturas. O primeiro é a própria Yggdrasil, em cujas raízes fica um dragão (a Kundalini) e em cujo topo fica uma águia que bate suas asas resultando em uma suave brisa. A Águia representa o espírito iluminado (daí dela ser o símbolo escolhido pelos maçons americanos como símbolo dos EUA) e o vento é o elemento AR (Razão). Na Kabbalah, em um significado mais profundo, tanto os caminhos de Aleph (Louco/Ar) quanto de Beth (Mago/Mercúrio) que conduzem a Kether (Deus) são representados pelo elemento AR – O Led Zeppelin fala sobre águias em outras canções, igualmente cheias de simbolismo… algum dia eu falo sobre elas.
And as we wind on down the road,
Our shadows taller than our soul,
As Sombras, no ocultismo e especialmente nos textos do Crowley, são os defeitos ou aspectos negativos de nossa personalidade que mancham a pureza de nossa alma.
There walks a lady we all know,
Who shines white light and wants to show
How everything still turns to gold,
O terceiro Caminho até Kether é Gimmel, a sacerdotisa, o caminho iniciado em Yesod (Lua) que passa novamente pelos Grandes Mistérios. A analogia com o Ouro é óbvia. O processo alquímico na qual transformamos simbolicamente o chumbo do nosso ego no ouro da essência.
When all are one and one is all,
Unity.
To be a rock and not to roll.
Quando finalmente ultrapassamos o Abismo, chegamos a Binah, que representa a Ordem (“rock” em oposição ao Caos, que é o “roll”, em um genial jogo de palavras). Na Umbanda, o orixá representado ali é Xangô, senhor das “pedreiras” e da certeza das leis imutáveis do Universo. Representa a mente focada no caminho, sem deixar-se levar por qualquer evento ou adversidade.
And she’s buying a Stairway to Heaven.
Novamente, a mensagem de esperança… a Dama do Lago está sempre ali, criando oportunidades para todos os buscadores no Caminho da Libertação.