sábado, 24 de junho de 2017

Ponta de Estoque




Vazios de não sei quê
Vapores atmosféricos
Rios voadores
A ciência se redescobre
Minha solidão a acompanha...



Chuva fina corta o vento frio
A lesma na parede do banheiro
Chuveiro elétrico para água morna
Forno sem válvula de segurança
Ponkans geladas na fruteira
Travesseiro-cuba
Inverno é coisa para bastardos...



Aqui por perto não há gente
Mas não me falta gente
Falta gente por aí
Que tivesse calor humano a distribuir
Pois a frieza dos arredores
É barreira que me cerca
Muro que me esconde
Que me isola
E me faz mais ameno em mim...



A vida é curta,
    para quem não se realizou ainda
A vida é longa
    para quem não precisa disso..



Poeta
É um ente morto
Que renasce em suas múltiplas lápides..



O bom do isolamento
É que há menos coisas para morrer...



Sujeito,
    homem criminoso
Vai se trancar na praia
Entupir-se de livros
Para sonegar aprendizado..



Na parede da universidade,
    fotos dos reitores
Nas heras de seu quintal
    nenhuma folhagem
    não houve amores..



Os teus feitos
Para serem feitos
Não precisam de reconhecimento
Não espere reconhecimento
As pessoas lhe ignoram antes dele chegar..



Identidade
Ninguém sabe com o quê
Perdidos,
Em crises individuais
Anonimando o coletivo
Punhados, bandos, massa homogênea
Capitaneável manobra
Vagando sobre palavras inexistentes,
    e sentimentos inventados
    e razões espontâneas
Até que cada um,
Depare-se com tudo aquilo que ainda não quis...



Lembrei-me dela
Não me recordo como ela gozava
Talvez em silêncio
Talvez sem gozo
Posto que o sexo
Já não é assunto popular..



Coisas sem sentido
Caem sobre o papel
Caem dos meus olhos
Que não veem mais nada de bom



Se ele admirar a tua voz,
    poderá ser um músico
Caso ele vidrar em teu corpo,
    quem sabe seja um amante
Mas se ele contemplar as tuas mãos
    não passará de um poeta...




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