domingo, 25 de junho de 2017

Elegia Coisa Nenhuma



E tu, ainda resistente? Cadê os parabéns por mais uma semana de cidade? Ninguém dos teus te fala isso? Deixam para os aniversários, alguns até comemoram data de morte, ai ai ai. Nervos. Foi a válvula do forno programada para pifar que fez o técnico cobrar o que tu não ganhas, pois tu não visitas ninguém a serviço. Lembra da suspensão quebrada do teu carro econômico salva pelo cartão de crédito? Como se gasta dinheiro virtual nesta selva. Mas ele não é tudo, tem outras coisas da natureza humana. Como esse teu cálculo renal que logo agora recomeça a incomodar. Tentas compensar teus espasmos com as novas orquídeas do beiral da sacada oitavo andar. Na Farmácia Paraíso, as respostas que jamais virão encontram gabarito mesmo que provisório, paliativo. Não transaram no dia dos namorados, ela estava esquisita, culpou o estômago. Perto de onde fica o chacra que tu não entendeste bem os significantes. Que merda. Mais um fim de semana igual, estático no cinema. Fazes lá dentro o que farias no mausoléu da tua casa, sem liberdade. Põe a mão por dentro, lambuza os dedos de solidão, e sai como se tivesses alguém no peito. Água fria da pia, já nem valia limpar. Já não faz sentido jantar. Nem ir ao filme, tampouco namorar. A pizza gelada de amanhã, tem mais sabor que o próprio dia de hoje. Sem bordas, por favor. Porque ele só quer poder abrir um pouco a boca, mais nada...  


    

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