Ao meu redor, próximas ou
aproximadas. E sempre assim. Todas as pessoas, ácidas, sórdidas, dissolvendo-se.
Parecem humores, fluidos em tubos de ensaio, e o mundo é o meio de cultura que
receberá seu conteúdo em formato líquido, se espalhando e respingando nos
outros. Oscilam entre seu pH exponencial quando na crista, e omissões,
indiferenças e silêncios quando no vale de sua onda. Não me adaptei a elas. E
nem vou. Também porque não quero. Permaneci à deriva, de tudo e de todos. Não passaram
além da minha pele. Pela rigidez que eu criei como defesa. Prevenção ao cúmulo. Força em relação às
sensações, frieza em face das desesperanças, como reação puramente física a
tais presenças e ausências. Fiz-me equipamento de proteção individual
ambulante. Não me deixo contaminar. Senão, o gelo não derreteria sob o sol. Ou
o enfrentamento é diferente e proporcional, ou a submissão e a desolação tomam
conta. Depois, chamam de depressão e aí impera a prescrição farmacêutica. Tem
lugar melhor que esse, não há dúvidas. Não sei como são as praias por lá. Se há
coqueiros na orla, com grande área balneável e uma ampla faixa de areia para
caminhar ou mulheres que façam cafunés à beira-mar. Pois enjoei do asfalto, do óleo motor, das buzinas, dos gritos, das xepas e dos cuspes que nele recaem como subproduto da atividade humana quase nada social. Mas eu ainda sorrio, sim. Minha escrita é saneadora, terapêutica natural, minhas frases caem
pelo ralo. A maior inspiração, encontra-se no banho sob o chuveiro. Aqui, à frente do papel, onde
não há cheiro nem lavanda. Tanta gente desenhando o amor nos livros e eu não.
Permaneço fora da arquibancada a produzir um tipo de lixo diferenciado, não reciclável,
não orgânico. Seria antimatéria, se não viesse do imenso e vazio serrado do meu
coração. Em mim, que se lembra dos outros, é apenas uma pequena parte do hipocampo...
Diametralmente oposta a qualquer ordenamento jurídico, DESUNIÃO ESTÁVEL é uma imaginária relação multiafetiva ousada entre a Poesia e a Música. Como esses valores estão em declínio nos dias pós-modernos, decidi promover impulsos de acasalamento sentimental entre ambas, com a substancialidade e a emoção que brota dessas duas formas de expressividade dos sujeitos na sociedade civil, ou seja, nascentes da natureza humana. Aos amantes, as cortesias da Casa.
quarta-feira, 28 de junho de 2017
domingo, 25 de junho de 2017
Elegia Coisa Nenhuma
E tu, ainda resistente? Cadê os
parabéns por mais uma semana de cidade? Ninguém dos teus te fala isso? Deixam
para os aniversários, alguns até comemoram data de morte, ai ai ai. Nervos. Foi
a válvula do forno programada para pifar que fez o técnico cobrar o que tu não
ganhas, pois tu não visitas ninguém a serviço. Lembra da suspensão quebrada do
teu carro econômico salva pelo cartão de crédito? Como se gasta dinheiro
virtual nesta selva. Mas ele não é tudo, tem outras coisas da natureza humana.
Como esse teu cálculo renal que logo agora recomeça a incomodar. Tentas
compensar teus espasmos com as novas orquídeas do beiral da sacada oitavo andar.
Na Farmácia Paraíso, as respostas que jamais virão encontram gabarito mesmo que
provisório, paliativo. Não transaram no dia dos namorados, ela estava
esquisita, culpou o estômago. Perto de onde fica o chacra que tu não entendeste
bem os significantes. Que merda. Mais um fim de semana igual, estático no
cinema. Fazes lá dentro o que farias no mausoléu da tua casa, sem liberdade.
Põe a mão por dentro, lambuza os dedos de solidão, e sai como se tivesses
alguém no peito. Água fria da pia, já nem valia limpar. Já não faz sentido jantar.
Nem ir ao filme, tampouco namorar. A pizza gelada de amanhã, tem mais sabor que
o próprio dia de hoje. Sem bordas, por favor. Porque ele só quer poder abrir
um pouco a boca, mais nada...
O Infinito das Frases Porcas
É preciso um pouco de liberdade neste inverno. Uso ceroulas com abertura frontal...
Quem é azul? O mar é espelho do céu, ou o céu é
anteparo do mar? Dúvidas de um coração borralho...
Cem reais para cada cuspida que o jogador der na
grama. É a ingerência da economia na educação.
Não me chame de palhaço, nem de idiota. Só porque
me recuso a te xingar.
Namorado novo, novas bactérias.
Apaixonado, lambia o ânus dela. Assim como a
chuva faz com o túnel do trem...
Ela contava com orgulho da dupla penetração.
Quietinhos, o bate-saco era segredo mortal dos dois..
Não coloque silicone, prossiga ninfeta. Daqui a
dez anos, a corcunda faria elipse com a bunda.
Bata na cara dela durante o sexo. Que a vida fará
isso contigo a qualquer tempo.
Como é bom beijar mulher na boca. Disse a louca
que se dividia em três no Natal..
Mais um herói nacional. Covarde citadino. Paladino
do ego, beleza só de cego.
Foda-se se o aipim não fritou todo. É hora dos
cozidos.
De quem é a secura na hora do ato? Boa pergunta.
Balzaquiana, ela só gozava uma vez. Mas por
determinação, nunca por desejo.
Cinco da manhã na calçada metropolitana, velhos
sonhos para novos desabrigados.
Minissaias de verão em pleno inverno aquecem o
ponto do primeiro ônibus pra lugar nenhum.
Cuspa-me saliva, pois o catarro é particular e
inalienável.
O dedo médio saiu com o brigadeiro indesejável
fora de hora.
Quando não se tem mais o que falar, também não
adianta mais escrever, pois tudo não passa da falta de sentir.
sábado, 24 de junho de 2017
Ponta de Estoque
Vazios de não sei quê
Vapores atmosféricos
Rios voadores
A ciência se redescobre
Minha solidão a acompanha...
Chuva fina corta o vento frio
A lesma na parede do banheiro
Chuveiro elétrico para água morna
Forno sem válvula de segurança
Ponkans geladas na fruteira
Travesseiro-cuba
Inverno é coisa para bastardos...
Aqui por perto não há gente
Mas não me falta gente
Falta gente por aí
Que tivesse calor humano a distribuir
Pois a frieza dos arredores
É barreira que me cerca
Muro que me esconde
Que me isola
E me faz mais ameno em mim...
A vida é curta,
para
quem não se realizou ainda
A vida é longa
para
quem não precisa disso..
Poeta
É um ente morto
Que renasce em suas múltiplas lápides..
O bom do isolamento
É que há menos coisas para morrer...
Sujeito,
homem
criminoso
Vai se trancar na praia
Entupir-se de livros
Para sonegar aprendizado..
Na parede da universidade,
fotos
dos reitores
Nas heras de seu quintal
nenhuma
folhagem
não houve
amores..
Os teus feitos
Para serem feitos
Não precisam de reconhecimento
Não espere reconhecimento
As pessoas lhe ignoram antes dele chegar..
Identidade
Ninguém sabe com o quê
Perdidos,
Em crises individuais
Anonimando o coletivo
Punhados, bandos, massa homogênea
Capitaneável manobra
Vagando sobre palavras inexistentes,
e sentimentos
inventados
e
razões espontâneas
Até que cada um,
Depare-se com tudo aquilo que ainda não quis...
Lembrei-me dela
Não me recordo como ela gozava
Talvez em silêncio
Talvez sem gozo
Posto que o sexo
Já não é assunto popular..
Coisas sem sentido
Caem sobre o papel
Caem dos meus olhos
Que não veem mais nada de bom
Se ele admirar a tua voz,
poderá ser
um músico
Caso ele vidrar em teu corpo,
quem sabe
seja um amante
Mas se ele contemplar as tuas mãos
não passará
de um poeta...
sábado, 17 de junho de 2017
Crônica Cotidiana 48
José e Maria
Encontro arranjado. Ele foi por
educação. Surpresa, estava tudo muito tranquilo e favorável ali no barzinho.
Duas velas para quebrar o clima dos cupidos citadinos, essa subespécie que não
para de se procriar no planalto gelado, só querem é rosetar quentinho. Bom papo, sorrisos à beça, não era
gorda. Algumas cervejas com bolinhos de aipim recheados com carne seca. Na
próxima, só os dois e o abate. Outro bar, outra cerveja, carne de onça. Papo
mais íntimo, fotos, famílias, relacionamentos, pensamentos, tudo sobre a mesa.
Isto posto, é hora de fornicar. Na casa dele, a música antecedeu a cama larga.
Um gosto de cigarro remeteu-o para longe dali, anunciando que aquela seria a
única vez. Genitália rosácea, bem depilada, a cinquentona se cuidava bem. A
bundinha dela parecia a mesma de trinta anos atrás. Pele macia, ela não quis
tirar a blusa, talvez a flacidez a incomodasse, ele não ligaria. Ela, queria porque
queria meter de quatro, fez e gozou rapidinho. Alegando falta de lubrificação
natural em função da idade, ela parou o ato após o gozo, cobriu-se.
Compreensivo, ele a acolheu num abraço fraterno para conversarem mais um pouco.
Falaram da vida, dos filhos, dos divórcios, da cama dele, ela adorou. Ele a
deixou em casa. Os dois desencontros dali em diante, foram suficientes para que
jamais se encontrassem. Foi recíproca, a não união. Tal qual o verdadeiro amor
só é amor verdadeiro quando é recíproco. Ano seguinte, viram-se novamente num
outro bar, aniversário. Ele lembrou que ela não gostava de sexo anal. Ela
lembrou que ele tinha pênis grosso. Cumprimentaram-se como se não tivesse
havido cama ontem. Não deu tesão em ninguém. Ela, queria namoro. Ele, não
queria namorar. Nem sexo ele queria, talvez ela também não. Tivessem se cruzado
numa lanchonete, num cinema ou no aeroporto, a coisa teria sido igual. Atualmente, já não é mais a circunstância de aproximação que dirige o destino de
um encontro. É o que as pessoas querem e o que não querem. É aquilo que vem
antes do encontro. É aquilo que está dormente, latente, ou até, ausente, mas
sempre antes de qualquer coisa superveniente. Maria, a que goza rápido. E José,
o que deixa de gozar. Vítimas voluntárias da ação daqueles 'pseudocupidos',
ávidos por formarem casais, como se a vida a dois fosse fundamental para a
existência humana. Para a sobrevivência sim, mas para a existência não.
Sobreviver, implica em luta. Viver, não implica em nada. Há quem necessite
sobreviver, e há quem simplesmente viva. Não bastam semelhanças, sejam de
valores, gostos, hobbies, costumes, sons e cores. Uma companhia vai muito além
das diferenças, mas infinitamente além das semelhanças. É um rumo desconhecido,
eu sei. Mas só sei que é desconhecido. Ela se masturbou durante o gozo. Foi ele
quem sugeriu. No chão do quarto, a pergunta sobre até onde vai a liberdade do
sexo casual, sem compromisso. No box do chuveiro, a resposta...
Contos Sem Providência
A Rua do Passado
A velha guitarra
precisava de um conserto, digno. O luthier morava longe do presente, pertinho
do passado, um pouco além. Ele foi até lá. Não quis usar localizadores, foi
pelo instinto. Cortando algumas ruas do bairro Santa Quitéria, algo veio
chegando com o vento frio pela janela. Sensação estranha, única, um misto de
presença e ausência. De repente, parou na frente de uma casa: era ali. A
fachada estava reformada, obviamente. Mas não impediu que a tal sensação se
traduzisse em lágrimas. Naquele número, havia uma família. Que recebia outra
parte da família. Muita gente, naquele saudoso tempo, confraternizando entre
saborosos churrascos e sobremesas coloridas. Tempo em que as pessoas se
visitavam com naturalidade, espontaneidade, vontade, coisas raras hoje em dia,
superadas pela virtualidade das relações. A criançada correndo, brincando. Os
tios assando, as tias na conversa, o avô querendo ir embora cedo. Ele saiu
dessa onda de memória, não convinha ficar ali olhando a casa nos dias de hoje.
Os óculos escuros foram providenciais, para maquiar a reação sobre a lembrança
de tanta vida, conjunta com tantas mortes. A rua continua, vem uma próxima
esquina e mais adiante a casa do luthier. Na volta, uma volta pelo bairro das
festinhas de adolescente. O primeiro beijo na boca, ninguém esquece, tampouco a
música que tocava, “Easy”, do Lionel. Fácil ou belo como o sol da manhã? O
beijo ou a vida? Ninguém avisa o que vem pela frente, vire-se. De um passado
mais recente, uma das clínicas onde trabalhou algum tempo, talvez a melhor. Já
mudou de dono e de nome umas cinco vezes, a boa recordação era dos pacientes e
de poucos colegas. Mais adiante, naquela rua sem pedrinhas de brilhante, o
clube da infância. Os primos e amigos que ali frequentavam, as piscinas, as
canchas de futsal, os saraus de sábado. Dali, não havia saudade. Lá para cima,
o estádio do clube do coração. Modernizado, também não impediu lembrar-se dos
pães com bife sob os pinheiros de antigamente, a mudança de lado no intervalo,
era quase tudo bucólico. Agora, a imponência de metal & concreto protegendo
a modernidade através da tecnologia do conforto, um tanto inútil para o
propósito, mas tudo bem. Adiante, do lado esquerdo, na frente da igreja, a
pracinha da quadra de areia já no fim da adolescência, os amigos dali que não
mais estão. Tudo isso, em quinze ou vinte minutos de carro. Talvez meia hora ou
ainda quarenta anos. Um tempo incontável se passou naquela tarde. E a certeza
de que nada voltará. Se soubéssemos disso, talvez tivéssemos aproveitado melhor
os momentos, as companhias, a vida. As pessoas, os amigos, os parentes, as
festas e os almoços. Tudo. Mas isso não se ensina. Vamos aprendendo, à medida
que as coisas morrem. Enquanto estão vivas, parecem eternas. Parece que não
precisamos nos dedicar, visitar, olhar nos olhos, conversar. Parece que não há
amanhã. Que as noites não se interpõem entre os dias. Parece não haver tempo. Então,
nossa omissão ou nossa ação equivocada inicia o processo de separação de todas
as coisas vivas. Elas continuam, mas cada vez mais distantes. Vamos embora dali
por outras ruas, outros caminhos dentro da cidade. E não voltamos mais. O que
volta, é só a saudade como se fosse sol. Trazendo algumas lágrimas como se
fosse chuva. É a natureza, compensando a inabilidade dos humanos em fazer com
que seus valores, lhes afastem daquela coisa chamada consciência. Consciência, parece ser algo que se encontra sempre no começo das ruas... no princípio das relações... e, tardiamente, nos fins dos caminhos.
"Yesterday and Today" - YES - Piano cover by Eugene Alexeev
segunda-feira, 12 de junho de 2017
Crônica Cotidiana 47
Pombal Wizard
Tardinha. Frio polar. Café, uma xícara cheia,
aqui. Lá, namorados se encontram e esquentam o fim do dia. Vão juntos e a sós
para todos os lugares, populares para serem vistos, particulares para se verem.
Na capital da vergonha, sobra coragem para comemorar a data, trocar presentes,
reforçar laço e quem sabe planejar amanhãs. Construção em tese. Será que
esquecem por este momento os tijolos quebrados? Onde estão? Já na caçamba ou
ali no canto da parede inacabada? E as pedras? Dentro do caminho da casa dos
sonhos ou da casa real? Ah, não... pode haver apenas flores. Flores azuis, amarelas, brancas, quase plantas de tão maduras. Desnecessário perguntar se existem frutos
do ventre, o vínculo independe disso, é departamento do sentimento. Pois é, que
alegria mais uma data neste dia. São os dois em tempo presente. Basta? O cabernet sauvignon assegura a solidez do relacionamento? Mas e se a perspectiva se liquefaz? Qual o
futuro dos pombos na cidade? Uns dizem que é evoluírem feito feitiçaria até se transformarem em gaivotas marinhas,
outros não reconhecem a condição bestial de defecar sobre os ombros
transeuntes. Estes, poucos, mesmo poluindo estão aparecendo. Superficialmente,
diria Stevie Wonder. Porque as igrejas nada lhes asseguram, bem como a escola, o estado e qualquer outra instituição em decadência sem elegância. Preocupo-me não com os namorados. Mas com suas relações
sociais. O que eles farão da união, em âmbito interno e principalmente externo.
Como será o enfrentamento dos inimigos dos casais, ou seja, a batalha contra a
inveja terrorista do norte, a insegurança conspiradora do leste e o ciúme rebelde local. Onde buscarão apoio. Se
com os amigos, mas os amigos verdadeiros não mostram o que fazer e sim as armas.
Se nos psicólogos, que também não são gurus, apenas demarcam o terreno quando
profissionais. O chão de casa, é competência de cada um. Antônia gostava da
inteligência de Josué, teve dois filhos com ele. Mas os inteligentes são fracos
na rua, na guerra e na fazenda; ela queria alguém dominante. Ele era muito peludo, falava baixo e
gostava de madalena, o prato que vai batata cozida sobre carne moída. Imperfeito, errante e sexual, ele pensava na lua, na paz e num rancho fundo. Foi-se ela,
embora com um marombado da academia, mais novo, ainda estudante de
administração, para no futuro tocar a empresa transportadora do pai rico. Quando
o primo dele a viu correndo pelo bairro junto com o garotão, ela explicou que
não passava de um personal. Só que não era trainer, era lover, ela omitiu na
base da meia-verdade. Antônia e Josué foram namorados por oito anos. Enganaram muita
gente fingindo serem felizes. Enquanto ela masturbava-se na jacuzzi, ele ia às
casas de massagem com complemento final. Os mais enganados, foram eles mesmos.
Preocupo-me com os namorados em suas relações sociais. O tempo que perdem e assim desprezam. Logo, o
personal desistirá da coroa em prol de mais uma franguinha depenável. Mais um
pouquinho, e os filhos deles compreenderão o desenlace. Por último, Josué se definhará na base de um benzodiazepínico mais em conta. Esta inabilidade em
lidar com tempo e espaço, ainda vai ludibriar muita gente. Não o comércio, nem
as academias, tampouco os escritores. O café esfriou no segundo parágrafo. Meu
coração, contêiner vazio na cidade antártida. Sensação térmica de dois graus,
marcando cinco na escala que ouço no rádio. Já não desperdiço mais o tempo. Nem o espaço. Meu problema, é a
outra metade da xícara de café...
segunda-feira, 5 de junho de 2017
Vereda Subtropical
Respeitem os enamorados!
Porque é preciso muita força,
para sustentar tanta ilusão
Ou é preciso toda a insensibilidade
para justificar tanta conveniência...
Voltei ao deserto
Onde finjo ser minha praia
Onde tudo é oásis
E os castelos de areia,
São levados pelo vento
Não há tempo,
Ou água para inventar...
Os mendigos
Não necessitam paladar...
As unhas do violão
Engatam nos cobertores,
nos clitóris,
e onde mais eu pensar em me aquiescer...
Vontade de ser sozinho
Apenas estou
Mas falta pouco..
Os outros,
Escoram-se nas suas companhias
Ou estão apoiados em coisa nenhuma..
Não busco a felicidade
Tampouco o amor
Eu só desejo a paz
Seja ela o que for...
Se depois de um tempo,
a poesia volta
Eu apanho dela
Bate-me na cara, nas mãos
Feito velha mestre
Indignada com meu abandono
Revoltada com minha ilusão
Vou para o canto da vida
Repensar os porquês,
de minha fuga irracional...
Como todo mundo faz.
Juntaram as pequenas coisas
Compraram móveis novos
E foram destruir-se entre paredes...
Não me peça sorrisos
Acabei de sair de uma relação
Onde usei a boca
Para libertar a lágrima
Contida pela sociedade
Que mal sabe o que é alegria..
Refluxo
Insurgência sabinada do organismo
Que não quer engolir esta vida...
Cemitério
Mar sem água
De barcos enfileirados
Porto de partida
Para o continente do céu..
Polacas
A minha sina
Morro só
Inútil rebelde...
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