NA CONTRAMÃO
{Depois
do amor, educado ele ia para o chuveiro, ela já devia ter se lavado. Ao entrar
no banheiro, ela estava na ponta dos pés, fazendo alguma coisa no rosto em
frente ao espelho. Aquele quadril desenhado a alguns compassos parecia um
convite, ele jamais recusou, meteu-lhe o instrumento por trás como fazem os bandidos
marinhos, ignorando as leis dos homens. Ali, e só ali, o sexo anal era mais
gostoso. Entreolhavam-se indiretamente no espelho, feitos desconhecidos voyeurs, à medida que as coisas trêmulas caíam pelo
chão. Olhares cerrados, o sexo proibido liberto estava, revirando instintos
animalescos de prazeres alternativamente humanos ou quase. Os gemidos eram mais
baixos, bem ao contrário do convencional, onde se esgoelavam liquidamente. Ela queria
força, ele cuidado. Ela violência, ele exercício. Ela pedia palavras porcas, ele as entregava em seus ouvidos
baconianos. Agarrava-a de um jeito muito mais forte do que fosse necessário ou
cortês. Isso a levava ao delírio, salivação ao extremo, língua disparada no céu
da boca, cabelos cacheados em movimento criminal, o embaçado não era da água
e sim dos corpos novamente em ebulição. Os braços dele dançavam sobre seus
seios, desciam mãos até a vagina, ela não se aguentava. Tremia as pernas num
gozo mortal, quase desfalecendo ao chão após o tradicional sorriso. Pronto, sem
emitir secreção alguma, ele gozava por dentro dele mesmo, de outra forma: seu
prazer era apenas dar prazer a ela. E assim conviviam nos fins de semana,
fazendo do sexo um agradável convidado para aquele lugar onde não morava o amor... }
/E
pensar que existem outros que levam isto para muito além dos banheiros, dos
quartos e das salas, fingindo que é sentimento, inventando amor. Por isso as
pessoas precisam ter noções de engenharia, para aprender a delimitar no espaço,
os alcances de cada relacionamento. Decorações, vão bem apenas em interiores. O
resto, é paisagismo.../
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