sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Contos sob a copa das Araucárias


 DEPOIS DAS ESTAÇÕES II 


Depara-te com teu hoje. Vê a face que te veem nos dias, a mesma que tu escondes em todas as noites. Traços indefinidos, contornam os órgãos que já não alcançam devidamente os sentidos. O tempo venceu a batalha que não travaste com teu outro eu. Perdeste duplamente então, antes fugindo do mundo que não devia ser, agora chegando à vida que não se evitou. O fracasso, é algo muito singelo para simbolizar uma existência parcial, onde tudo se interrompia. A conscientização do impossível, que finalmente tome a frente dos teus olhos assexuados, mostrando ao breve futuro teu, que o reino das alegrias é bem distante dali, temporal e geograficamente. Quem sabe um susto qualquer não venha tanto como surpresa, por reconheceres que aquilo foi por diversas vezes anunciado. Pois tudo o que sofreste em cada paixão bandoleira, não passou perto da força latente e avassaladora de teu único e verdadeiro desamor. Recolhe-te, à clausura sentimental que ingenuamente não escolheste para sobreviver, e dela extrai o sumo dos desencontros, matando a todo sábado uma sede que eternamente viverá. Porque o silêncio de tua garganta, em nome da boa educação dos conviventes, nada mais foi do que o vento que ressecaste teu sempre rosto de passados sem atitude, simplesmente pela nociva omissão em dizer para ela, “eu te amo”. Esta, tua maior verdade. O resto, são bizarras invenções maquiadas de realidade. É que os amores mais nobres, são fruto apenas da simplicidade dos que fazem correta e bilateralmente a higiene pessoal das impurezas do medo.. 

KAMASUTRA


 "STOP THIS TRAIN" 
 JOHN MAYER 



 DEPOIS DAS ESTAÇÕES  -  por Martin Suplika 

Abro os braços para o firmamento por hora em breu 
A receber a força energética estelar de gêmeos 
Desvencilhando-me em definitivo de todos os meus amores vis.. 
Se me deram um dia sustentação, 
Que amanhã eu possa levitar por conta própria 
Deixando de ser levado pela vida como ela seria 
Para então conduzi-la como ela é 
E a assertiva consciência de que sempre foi assim.. 
Numa vida de incompletudes, 
As metades já eram luz 


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Contos sob a copa das Araucárias


 DOMINAÇÃO 



Falos, são superlativos insetos de carne nutridos a sangue, polinizando aleatoriamente parcos mililitros de sêmen sobre os gineceus desabrochados e negligentes, a pulular o globo terrestre não sem deformar respectivos abdomens e consciências, preenchendo vácuos nos atores sociais sem roteiro, característica remanescente do estado de natureza. O eterno combate entre suas porções, animal versus animalesca. Quando esta prevalece, bebês vêm sem convite à festa do baconiano mundo contemporâneo, quando raro, conseguem divertir-se. Aportam em famílias despreparadas, morando em lares incompletos, para depois adentrar em hospitais insalubres, frequentar escolas destruídas e no começo voltar ao poluto meio ambiental nunca antes socializado também de ofícios. Sim, somos todos frutos de relações sexuais, uns cobertos com glacê de amor inventado quando caímos ao chão de uma árvore verde mas oca, sucumbindo fatal e posteriormente ao sol das verdades em curso. Permanecemos reféns de estórias contadas pelos que nos deveriam prover um presente de relações civis virtuosas, em função de sua inconsequência pretérita, como aquela na qual insistem estarmos sob o crivo de um senhor que não aparece em nossa frente nem para dar bom dia. Um país sem controle de natalidade, pede para perder seu rumo. Pois para eles, os politicamente aéticos, é preciso que as vaginas do futuro estejam sempre umedecidas e sujeitas àqueles membros em riste, ópio natural para quem diuturnamente manipulado não goza seus direitos, artificiosa e supletiva variante de alegria dos que não podem ser cidadãos, ou então sujeitos plenos de cívica felicidade.  


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Navegando em Continentes






hERMENÊUTICA <> oSWALDO mONTENEGRO / pOR bRILHO


 SINOPSE 

Esta canção conta uma história que se repete a cada dia, mas é por alguns tratada de uma forma diferente  às noites. Quando duas vidas divergem em caminhos, não importa o tamanho do afeto, de onde parte, aonde repousa ou coisas de reciprocidade. Poucos fazem isso, desejar luz para quem se foi, de um jeito independente, sem intenções e com desapego. Fosse assim, as pessoas estariam mais preparadas não só para partir, mas também novamente ancorar. 


 "pOR bRILHO" 
 oSWALDO mONTENEGRO 



 Fronteiras 

Vai. Segue por onde for, não sem levar contigo a recordação das estrelas que desenhei e tu deixaste no papel de cabeceira. Quando for preciso, acende no conforto de teu pensamento o lume do que houve em mim, e sentirás a força contida daquilo que talvez pudesse ter sido algo além daqui. Que seja então, mesmo que d’outro formato, e possa quem sabe feito réstia, te guiar com mais tranquilidade e destreza, já que a maestria de te conduzir que eu abracei e me escapou junto às tuas mãos, ficou por terra nossa de poesia, campos onde pisas quase em perfeição, com a ternura que eu reconheço como ninguém. Lembra de esquecer a vergonha que te cerraste os olhos impedindo que me visse em teu caminho. Mas esquece de lembrar que esta luz vem de mim, por respeito e obediência às direções transformadas em sentidos que damos às nossas vidas de escolha. Nem mágoa, jura ou esperança, apenas a certeza de que tu estejas no rumo certo. Num lugar onde alguma outra estrela tenha conseguido tocar por mérito aquilo que eu quase senti: o teu olhar em fel. 


terça-feira, 30 de julho de 2013

Tribuna Inestóica




 - Agora, quem abre a boca somos nós 

A cada nova “invernada” política, afirma-se a máxima de que “a governabilidade é a quimioterapia da democracia”. O recente levante popular, após o modernamente tardio reconhecimento de que o berço não tem nada de esplêndido, não foi suficientemente holístico ou integral para deixar de sermos reféns do poder público legitimamente constituído, embora ineficaz em excelência. Em face da caquética e moribunda democracia representativa, esse tal poder público, ironicamente, não está nas mãos do povo, tampouco nos braços do organismo social. 
Vítimas descendentes da outrora repressão militar, passamos a nos submeter ao maniqueísmo ideológico esquerda-direita, os quais alternam-se no poder criando uma significativa ilusão de representatividade cívica. Período negativamente marcante na história do país, sua transposição necessária mas subsequentemente equivocada em sua forma, infelizmente alijou do nosso povo um sem número de virtudes a serem desenvolvidas, como a capacidade crítica, ética, moral, discernimento e tantas outras mais, fatores a serem responsáveis pela emancipação popular no sentido de galgar a sua cidadania em exercício - com devida vênia à redundância pleonástica deste reles e prolixo manifestante. Quando Figueiredo #partiu, a chance foi lançada. 
Na selva de pedra, a fauna era composta por então maiores não adotados que ganharam sua alforria do orfanato, caindo sem pai nem mãe na rua da “liberdade”, com antipó capitalista e calçadas neoliberais. Súbita e sorrateiramente (isto sim foi sorrateiro, Sr Joaquim Barbosa), foram sete as famílias tupinambás (tupiniquins & gambás) que instituíram-se, via suspeitos mecanismos de concessões públicas, proprietárias dos meios de comunicação de massa, a promover o controle social (manipulação ideológica) daquele admirável gado novo, sob a bandeira da “livre informação”, instrumento discursivamente capaz de nos trazer ordem e progresso. Entretanto, Excelência, não foi o que se viu, posto que essa propriedade ainda permanece cruzada, feito uma diagnosticável /para poucos/ neoplasia, e suas respectivas metástases /em todos/ – salvo os indivíduos componentes do oligopólio e seus respectivos descendentes & afins. 
Nem a Constituição Cidadã, promulgada há mais de duas décadas, serviu de suporte para o próprio cumprimento quem dera conscientização de seus preceitos, princípios e regras – implícitos ou não – como a norma programática que instituiu o Conselho de Comunicação Social, órgão subordinado ao Senado Federal, ineficaz até hoje. Pois a fragmentação da realidade veiculada pelos mass media torna os espectadores passivos, alienados e conformados, ante sua incapacidade crítica. 
Sim, porque o que sentimos, é a inversão de valores, sendo vigente a supremacia do interesse privado sobre o interesse público, e não o contrário ideal. Recursos públicos, oriundos da excessiva e onerosa carga tributária corrente no país, não foram nesses ‘vinte e poucos anos’ (Fábio Jr. já é tantas vezes pai) adequadamente destinados à Educação, base para a formação, instrução e capacitação dos sujeitos federados. O não acesso a outros direitos fundamentais elencados na Lei Maior, permite concluir sobre o propósito deste solitário e cansativo, mas prazeroso manifesto. 
"Então, Bial..." (pqp!!) o que interessa: 
Infelizmente, a Odontologia continua uma província da Medicina. Em semanas de manifestações, não se ouviu nenhuma reivindicação por parte da classe profissional odontológica. Parece que os diretores dos Conselhos de Classe regionais e federal, igualmente das associações, estão plenamente satisfeitos, bem como os integrantes dos órgãos públicos, chegando tal contentamento até as academias. 
Não, é muito pior: os Cirurgiões-Dentistas profissionais estão de braços cruzados, inamovíveis dentro de seus consultórios. Seu status quo lhes é razoavelmente aceitável, a ponto de ignorar as causas da ausência de saúde bucal no país dos edentados: “pouco importa se aquele que não é meu cliente não tem dentes”. É a mão invisível do mercado a tratar das bocas carentes à base da livre concorrência, transformando pacientes humanos em clientela de giro .
Do lado não privado, a precariedade dos serviços públicos e as péssimas condições de trabalho, quando não, a burocracia do sistema, incorre na continuidade da situação caótica em que se encontram as cavidades bucais da população, principalmente em relação a falta de estrutura e, mais ainda, à prevenção e o autocuidado permanente da higiene oral individual, enquanto formação de hábito, gerador de condutas, proveniente de comportamentos, em nome da higidez - o que também afeta particulares, denotando a generalidade cultural do problema. 
Tudo isso porque a cultura de saúde no Brasil prevalece a Medicina, mas em importante detrimento da Odontologia. Note-se que não existem residências odontológicas subsidiadas pelo MEC, como também inexistem programas voluntariados, ONGS, OSCIPs, ou demais serviços ou campanhas que, efetivamente, promovessem a restauração da saúde bucal no sentido de restabelecimento de estética e função, permitindo à população o acesso a tais serviços, tantos básicos ou complexos, mas ambos fundamentais. 
As universidades não ensinam adequadamente sobre consciência pública ou coletiva aos seus discentes, os quais, quando egressos, apenas revivem nas comensais associações estaduais conteúdos acadêmicos nos cursos de aperfeiçoamento, deixando às especializações o conhecimento que realmente deve se agregar, jamais sem um excessivo custo: enquanto o Médico recém-formado recebe para se qualificar, o Cirurgião-Dentista tem de pagar por isso. Pagar também em duvidosos e espertalhões cursos não reconhecidos para adquirir modernidade, inobstante o motivo privado que os donos dos mesmos justifiquem sua existência, mais voltada para a própria sobrevivência mercadológica. Na verdade, voltado para o lucro, como uma simples atividade econômica de mercado, longe de qualquer conotação pública ou social, valendo-se unicamente do laissez-faire
A escassez de pacientes nos consultórios particulares drenados para o atendimento de massa nas clínicas populares, faz da profissão um carrossel de empatias e descontos, sem envolver qualidade, quesito essencial para os sucessos nos tratamentos. A desvalorização dos profissionais da Odontologia, submetidos às vulneráveis para não dizer hipossuficientes relações de trabalho, subempregados no esclavagismo intraespecífico das clínicas particulares, em sindicatos e principalmente no setor público, é prova inconteste dessa subserviência à cultura médica dominante, seja financeira, estrutural ou relacionalmente. Basta acompanhar o salário oferecido aos profissionais de saúde nos concursos públicos, junto com sua respectiva jornada. 
Exemplo odontológico 1: concurso para Prefeitura de Poço das Trincheiras/AL – duas vagas – 40 horas semanais – R$1.500,00; Exemplo 2 (mais perto): Marilândia do Sul/PR – uma vaga – 40 horas semanais – R$1.200,00. Se isso é salário, imagine-se quais serão as condições de trabalho...um anestube para quem conseguir. 
Então, importa-se médicos estrangeiros sem necessidade de exame de qualificação profissional ou de proficiência de língua, enquanto no país falecem anualmente cerca de cinco mil pessoas vítimas de câncer bucal, com estimativa de duplicação, a cada novo ano, para novos casos, caracterizando a progressão aritmética da omissão dos gestores públicos, legisladores e CIA limitadíssima. Todos remediadores das consequências, sem tratar suas causas. "Tome um paliativo, chamado Plebiscito."...putz grila! 
Ora, Meritíssima...é uma questão de prioridade, pois governar é determinar prioridades, alocando recursos. Mas como reconhecer a insuficiência do sistema odontológico do SUS, o qual é excepcional em tese, mas obsoleto em eficácia? Porque o cerne do problema está em sua gestão, a qual tem raízes políticas. Por isso, os índices de moléstias da cavidade bucal têm alta incidência, teimosa prevalência e requerem incansável paciência, por ser a saúde bucal uma questão de natureza política, o que requer simplesmente vontade política, algo que advém de alteridade.  
Por isso, somos reféns daquele maniqueísmo ideológico esquerda-direita, os quais alternam-se no poder criando uma significativa ilusão de representatividade cívica (bis). Ainda não sabemos votar, ainda somos órfãos de representatividade, porque ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais. 
Urge que os CDs se reúnam, criando fóruns de debates, manifestando-se através do diálogo, da intersubjetividade, para estabelecer propostas de mudança desse establishment de corrupção e impunidade, e reivindicar direitos não só para si, mas sobretudo para o povo, em busca de um consenso que elabore um plano de metas a conquistar a emancipação da Odontologia, desmembrando-se culturalmente em gênero, grau, relevância e mérito da Medicina: CONSCIÊNCIA, INDEPENDÊNCIA e AUTONOMIA JÁ!!!!
Enquanto isso não ocorre, a Odontologia permanecerá social e cientificamente secundária à coisa pública. Enquanto membros do Executivo, Legislativo e Judiciário têm condições financeiras de fazer enxertos ósseos e colocar implantes de carga imediata, a maioria da população brasileira segue ‘banguela’ e com vergonha de procurar emprego em razão da ausência de órgãos dentários. Diante do próprio conceito de saúde estabelecido pela OMS (...é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de enfermidade ou invalidez), a rasteira proposta de “Mais Médicos”, comprova o amadorismo, a negligência e a inconsciência política que assola e devasta o território nacional. 
Infelizmente, muita gente não leu até aqui. Pior ainda, muita gente não fará nada por alguém além de si mesmo. E é justamente gente assim que está no poder. Enquanto tucanos evitaram o aumento do piso salarial dos CDs e o reconhecimento pontual das profissões de THD e ACD, os petistas e sua base governista ignoram contextualmente a saúde bucal. Ou seja, mudam os atores, nunca a fantasia, muito menos o enredo. Assim, sucumbe no espaço do tempo aquilo que chamar-se-ia de “desenvolvimento”. 
Os direitos presentes são nada mais do que as garantias, prerrogativas, auxílios, vantagens e ‘facilitudes’ conferidos exclusivamente aos integrantes dos três poderes, cuja harmonia e independência valem única e exclusivamente para seus membros, deixando às margens da sociedade o organismo social. Pasme-se, mas o sistema estomatognático também faz parte desse organismo! 
“Estado de bem-estar social”...onde começa? 

- Chegará o dia em que cada elemento dentário será considerado 1 (um) órgão do corpo humano, não mais um reles componente de outro: necessária concepção política, não apenas biológica. 

p.s.: “O homem, é um animal político” (Aristóteles). 
p.s. 2: “Quando acabar, o maluco sou eu.” (Raul Seixas). 

Edw. 



domingo, 9 de junho de 2013

KAMASUTRA


 "O AMOR" 
 CAETANO VELOSO 
 por GAL COSTA 




 QUADRILOGIA DO AMOR  -  por Cecília Faroll 


1 – Onde está 
“Ele não se empresta nem se entrega, 
Para não deixar de ser seu 
Também por isto, não se toma de alguém.. 
Está ele bem no meio,  
Não sobre a linha que separa duas existências, 
Mas sobre aquela que já não mais existe, 
Por tê-las unido” 
 2 – Como ocorre
 “Ele vai, mas não volta
 Permanece, mas não fica
 Circula pelas dimensões, a sensação de bem estar
 Como em movimento uniforme, o desejo de mais querer
 Natureza de princípio, sempre está partindo
 Por querer a completude
 Que só trará a verdadeira companhia”
3 – Quando acontece 
“Ele excluiu o tempo 
Então é livre a todo instante 
Para ser o que é,  
 Ignora quaisquer números 
Quando jamais se considerará ontem 
Muito menos o amanhã 
Pois a vida inteira será sempre hoje” 

  4 – Por que existe
 “Ele é mais do que qualquer música,
 Posto que é o único sentido
 Mais do que qualquer poesia,
 Já que é a plena felicidade
 Mais do que qualquer gesto,
 Por ser a mais bela dentre as essências
 Mas é muito menos do que seria possível,
 A partir do primeiro beijo na boca"


quarta-feira, 5 de junho de 2013

AUTORALLIA << Pólen, hímen, lúmen / por Vodkovski




PÓLEN, HÍMEN, LÚMEN 
Minhas frases não advêm dos reflexos do caos humano. Nem me aproveito de qualquer subsunção da torpe realidade. Elas apenas parecem com as prostitutas em data de natal, que por idiopatia não têm a merecida atenção dos outros. Talvez pelo seu inconsciente pouco desvirginado, cuja linguagem passa despercebida, impedindo a comunicação social entre os eventuais sujeitos. Como falar sobre algo, sem lá ter estado. As prostitutas morrerão senis, se uma doença atemporal não levá-las antes embora. As frases não, permanecerão eternas no desconhecido leito de minha consciência, certa de que minhas companhias foram poucas, mas todas por afetividade. Ambas contaminadas, as prostitutas por microrganismos, as frases por organismos maiores. Ambas afetadas pelo ambiente social, um meio infelizmente impróprio para o bom desenvolvimento humano. Agudas ou crônicas, antagônicas elas se completam no sentido de ocupar o vácuo de sentidos das existências ambulantes, sem estabelecer nexos, encontrando no sexo tudo aquilo que jamais esteve lá. Compensações, são supletivamente úteis para todo aquele desprovido de inteligência, força ou alquimia..  


Seção Parental


 - ERROS  - 
__________

 Erros são, no final das contas, fundamentos da verdade. 
 Se um homem não sabe o que uma coisa é, 
 já é um avanço do conhecimento saber o que ela não é. 
  - Carl Jung  

--
 Um erro que atravessa o tempo. 
 Então, já não é apenas um erro. 
 Mas não importa lhe denominar, pois sua natureza errante permanece, 
 soberana a qualquer termo vindouro. 
 Resta, como saída, diminuir o espaço que ele ocupa. 
 A questão que um dia transformou-se em problema, 
 assume caráter dimensional,  coisa que nós, humanos, ignoramos conhecer. 
 Pois sabemos bem do sal e da terra, do mar e da água, do calor e do fogo, 
 como também dos ventos e do ar. 
 Mas o que ainda desconhecemos, são as inter-relações entre os elementos. 
 A consciência se faz estagnar, enquanto a comunicação não vem. 
 Só porque recusamos interagir, ou melhor, protelamos acertar... 
 - B. Azeredo  


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Matri & Monium


 "Metade" 
 por Oswaldo Montenegro 



Contos sob a copa das Araucárias


 O CÉU EM MIM 



A chuva forte na madrugada fria, desvia-me do sono que não virá. Da cama para a bancada, da imaginação para as frases ou do breu à luz, como se as tilintantes gotas geladas nas superfícies que me guardam fossem letras cadentes as quais eu devo, despertado, organizar em meu brando solo de aridez. Isto, para que nas manhãs de junho finalmente venham os dias melhores de mim, conduzidos pela devida articulação de tudo que não acontece, com meu sonho quase eterno de desejos por vezes vãos de possibilidades. Espaços em minha mente, vácuos peitorais e cadeiras ao meu redor necessitam ser preenchidos com alguma forma de vida importante, para que não faleça minha peregrina esperança. Meus túneis interiores são labirintos, refúgios distantes demais da verdade externa, codinome realidade. Se eu for da terra, que seja um ser elemental, a ponto de guiar qualquer outro que não eu, posto que há tempos estou perdido em minhas próprias cercanias. Sim, onde passa tanta gente e não fica ninguém para ao menos dizer que vai embora. Levo a vida não a vivê-la, mas somente a traduzir as intempéries pluviais da minha consciência justificante. Conto com as interferências da natureza sobre os homens, a provocar noites, disfarçar manhãs e nublar tardes, para ver se agimos na direção do hoje. É tarde, eu sei, mas foi preciso novamente entrar em mim para tentar buscar uma outra saída... 


BICHOS emocionais DO PARANÁ racional - "Catatau"


 [Sujos Bifes 
Mais do que visitá-lo, deparei-me com sua vida em história. Não trouxe comigo o seu conhecimento, mas a forma de construir o seu legado, resgatou-me o orgulho. Por compartilharmos do mesmo princípio: a loucura que move todo sonhador na contramão da obtusa realidade fértil, dos passivos retilíneos esterilizante. Pensar já se faz obsoleto, quando criar é urgentemente preciso. Fomos apreciadores da dança das palavras, onde pouco importam os estilos, desde que com música soante na alma socialmente bandida, heroica per se. Enquanto ele será eternamente digno de exposição, permaneço em meu regato introspectivo cuidando de tudo aquilo que me é irresponsável. Como se chegasse um dia, em que eu satisfizesse com preenchimentos, todo aquele meu passado ausente, abortivo de perspectivas futuras. Pois a minha carne suja, ainda possui a marca analfabeta da não espiritualidade plena...] 


  Paulo Leminski (Catatau) 


phOTOCALIGRAfIA




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terça-feira, 28 de maio de 2013

AUTORALLIA << A outra collônia / por Diamond Fisher



A OUTRA COLLÔNIA 
Cansado da matéria, tentava recuperar o fluido que a movia. A resposta estava em seu espírito, em razão da tríade elementar da existência. Todo desequilíbrio será castigado, não pela fé e sim pela irresponsável desordem aplicada à própria natureza. Ignorar o tempo, foi preciso para partir em busca de igualdade dentro de si mesmo. Quando a órbita encerrar, ao menos chegaria lá com algumas poucas histórias para contar. Melhor que permanecer à beira do espaço, atrelando-se às falsas paisagens que lhe desviam a evolução. E que a morte não venha na hora em que estiver sorrindo querendo ficar. Pois seria o sinal de que ainda há caminho para se aprender. Enquanto essa hora não vem, compreender a estrada como se fosse a última, embora cada amanhecer seja uma nova chance de se trilhar. O apelo somente aos deuses dos ventos, para trazerem por perto a água que ele tem demorado verter, em sua alma que lhe impede calar, diante da poeira microcósmica dos outros todos, que não se reconhecem como aprendizes. Também cansativos são os que professam mesmo sem títulos o devir alheio, imodestos seres destituídos de espelhos em suas residências, na vã tentativa de ensinar a qualquer um o que não se aprende sem sofrimento particular. Oh mundo mediano, onde o aprendizado diuturno é gota diante da imensidão do universo, exacerbada pela infinidade de caminhos a oferecermos à nossa própria voz, por muitas vezes côncava, diante de um convexo destino. Generosa dádiva a quem necessita urgentemente bem lidar com a percepção exponencial de todos os seus sentidos. 



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Navegando em Continentes





KAMASUTRA


 "SAILING"  
 ROD STEWART  


 Pórticos 

De minha insônia fiz o cais. Aonde eu aporto nas madrugadas de segunda, para embarcar em meus navios imaginários ao leste nascente do porvir. Do singelo rebocador que me leva à pequena ilha avistada dos meus sonhos, até a exuberante fragata que zarpa em direção às minhas utopias, estou sempre partindo. Meu mundo marítimo é apenas virtual, à medida em que eu me afaste da minha eterna condição nômade. Pois é ela que me permite sempre navegar, mesmo em firme terra de infortúnios. Docas, um belo lugar que eu invento, onde eu posso sentir o frescor da brisa continental, a tez do sal e a doce marola das possibilidades. E assim, todo início de semana eu estreio minha nova chance, tomando o rumo do meu desejoso presente. Reconheço que houve um tempo em que a bússola era feita de pedaços do coração. Não mais, agora são os pensamentos que me guiam um pouco mais crédulo ao amanhã. Minha carta sempre foi náutica, eu que já não ignorava ser o chão, o anfitrião dos meus passos. Até que eu mergulhei, tão fundo quanto eu precisei, podendo concluir que aquela cidade já não mais me sustentava, tanto em espírito quanto pela ausência dos corpos presentes. Por isso a viagem, e o breve aceno a todos aqueles que não acreditaram em mim. Coincidência, nenhum deles foi capaz de construir o próprio cais. Todos os velhos, deveriam morar no mar. Porque o mar é a extensão de toda poesia plena de juventude, mas órfã de compreensão. Lá no meu cais, há um semanário de sol, banhando de consciência todas as minhas partidas, uma típica orfandade a reeducar aquelas minhas palavras, abrigando meus sentidos. E aquilo que me move, é simplesmente a jovialidade de minha esperança. Isto é real, para isto justifica-se o cais, e por isto é que eu não desisto. Prático de mim mesmo, lembro-me que está na hora do almoço, então novamente fundear... 


terça-feira, 7 de maio de 2013

Certas Canções que eu amo - "Everything"


 "EVERYTHING" 
 Lifehouse 




ORIGINALLIA << Cat Stevens / Peace Train


Nesta bela canção do renomeado Yusuf Islam (Cat Stevens), ele fala sobre a alegria que está sentindo nos últimos tempos, sorrindo e acreditando até num mundo unido, longe da escuridão. Chama pelo "Trem da Paz", no qual podemos embarcar por estar perto de nós, junto também de nossa casa e nossos amigos.    




COVER com PATÊ + COMPLEMENTO


 Pensar nela.. 
 E o reflexo involuntário invade de sangue a mente secundária 
 Requer-se então alívio não imediato 
 Mas fazendo correr a mão direita no corpo em riste 
 Ritmada em cavernoso compasso solitário 
 Até chorar lágrimas brancas de um desejo distante.. 
 Recurso supletivo mascara nem toda ausência 
 Pois a imaterial é sempre presente 
 Não se confunde com outras quaisquer 
 Quando se tem por dentro, 
 O carinho de uma verdadeira mulher. 




 "SEXUAL HEALING" 
 MARVIN GAYE 
 by 
 Ben Harper