segunda-feira, 20 de maio de 2013

KAMASUTRA


 "SAILING"  
 ROD STEWART  


 Pórticos 

De minha insônia fiz o cais. Aonde eu aporto nas madrugadas de segunda, para embarcar em meus navios imaginários ao leste nascente do porvir. Do singelo rebocador que me leva à pequena ilha avistada dos meus sonhos, até a exuberante fragata que zarpa em direção às minhas utopias, estou sempre partindo. Meu mundo marítimo é apenas virtual, à medida em que eu me afaste da minha eterna condição nômade. Pois é ela que me permite sempre navegar, mesmo em firme terra de infortúnios. Docas, um belo lugar que eu invento, onde eu posso sentir o frescor da brisa continental, a tez do sal e a doce marola das possibilidades. E assim, todo início de semana eu estreio minha nova chance, tomando o rumo do meu desejoso presente. Reconheço que houve um tempo em que a bússola era feita de pedaços do coração. Não mais, agora são os pensamentos que me guiam um pouco mais crédulo ao amanhã. Minha carta sempre foi náutica, eu que já não ignorava ser o chão, o anfitrião dos meus passos. Até que eu mergulhei, tão fundo quanto eu precisei, podendo concluir que aquela cidade já não mais me sustentava, tanto em espírito quanto pela ausência dos corpos presentes. Por isso a viagem, e o breve aceno a todos aqueles que não acreditaram em mim. Coincidência, nenhum deles foi capaz de construir o próprio cais. Todos os velhos, deveriam morar no mar. Porque o mar é a extensão de toda poesia plena de juventude, mas órfã de compreensão. Lá no meu cais, há um semanário de sol, banhando de consciência todas as minhas partidas, uma típica orfandade a reeducar aquelas minhas palavras, abrigando meus sentidos. E aquilo que me move, é simplesmente a jovialidade de minha esperança. Isto é real, para isto justifica-se o cais, e por isto é que eu não desisto. Prático de mim mesmo, lembro-me que está na hora do almoço, então novamente fundear... 


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