sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Contos sob a copa das Araucárias


 DEPOIS DAS ESTAÇÕES II 


Depara-te com teu hoje. Vê a face que te veem nos dias, a mesma que tu escondes em todas as noites. Traços indefinidos, contornam os órgãos que já não alcançam devidamente os sentidos. O tempo venceu a batalha que não travaste com teu outro eu. Perdeste duplamente então, antes fugindo do mundo que não devia ser, agora chegando à vida que não se evitou. O fracasso, é algo muito singelo para simbolizar uma existência parcial, onde tudo se interrompia. A conscientização do impossível, que finalmente tome a frente dos teus olhos assexuados, mostrando ao breve futuro teu, que o reino das alegrias é bem distante dali, temporal e geograficamente. Quem sabe um susto qualquer não venha tanto como surpresa, por reconheceres que aquilo foi por diversas vezes anunciado. Pois tudo o que sofreste em cada paixão bandoleira, não passou perto da força latente e avassaladora de teu único e verdadeiro desamor. Recolhe-te, à clausura sentimental que ingenuamente não escolheste para sobreviver, e dela extrai o sumo dos desencontros, matando a todo sábado uma sede que eternamente viverá. Porque o silêncio de tua garganta, em nome da boa educação dos conviventes, nada mais foi do que o vento que ressecaste teu sempre rosto de passados sem atitude, simplesmente pela nociva omissão em dizer para ela, “eu te amo”. Esta, tua maior verdade. O resto, são bizarras invenções maquiadas de realidade. É que os amores mais nobres, são fruto apenas da simplicidade dos que fazem correta e bilateralmente a higiene pessoal das impurezas do medo.. 

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