segunda-feira, 28 de julho de 2014

Evento S.A.R - "A Solidão"

A SOLIDÃO

Dos maiores paradoxos, é peculiar ausência em meio a tanta gente. E se faz mais presente quando toda esta gente dorme. À medida que a noite se aproxima, ela vai chegando sem convite, e se instala num espaço recorrente, revelado em toda madrugada.

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Das fortes sensações, é surda-muda que ninguém vê, apenas eu posso senti-la. Mais ainda, ninguém sabe sobre ela, minha fiel companhia particular. É a amiga oculta, que me visita nos momentos em que eu me privo do mundo lá fora. É parceira quando escuta minhas músicas lentas junto comigo. E é também amante quando me vê nu, aliviando-me das energias que não circulam.

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Das grandes contradições, é ao mesmo tempo uma, duas até três destas variantes mencionadas. De tanto que me acompanha, faço concluir que não vivo só. Ela sempre está, a cada instante, a todo passo. Mantemos um pacífico relacionamento, sem sorrisos nem riscos, alegria nem tristeza. Mas os diálogos são intensos. Porque ela permite conversar a ponto que de que eu possa me conhecer mais e mais a cada nova manhã, por concebê-la como tal chance.



Das intensas emoções, faz orientar em meu próprio caminho. Sei do que eu quero, por aquilo que eu posso e o que tentarei. Minha Solidão é o maior exemplo de solidariedade que eu pude ter, pois jamais me abandona. Ela é alguém que não existe, mas fica bem ao meu lado. Não é alguém imaginário: estes, são fantasias que tentamos vestir em alguém que já conhecemos, nunca servindo a contento.

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Das importantes essências, é bálsamo e energia em forma anímica. Porque eu a respiro junto com o oxigênio, expirando respostas para todas as minhas questões. Ela caminha junto comigo pelas calçadas. Passeia pelos parques, trafega no trânsito entre os automóveis. É companheira na leitura, na informação e no estudo. Motiva-me no trabalho, me impulsiona à atividade física. Brincamos juntos com os animais, os quais prontamente a reconhecem. Sobretudo, me inspira ao manifesto de sempre escrever.

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Das melhores paisagens, minha Solidão ilumina meu quarto. Enche minha sala, floresce meu jardim, limpa minha rua. Arruma minha mochila, aponta-me a estrada, anima minhas viagens. Colore as montanhas, despolui os rios e clareia minha praia do sol que tanto preciso. Ensina-me que o mundo não é só aqui. Mata minha sede, sacia minha fome, traz saúde ao meu corpo. Principalmente, alumia meu espírito. Porque ela acolhe, liberta e glorifica, em direção à luz, ou à verdade.

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Dos relevantes sentidos, ela está comigo quando rolam as poucas lágrimas, e também os bastantes sorrisos. Alimenta os meus sonhos e conduz minha criatividade. Afirma que não há loucura alguma em compreender e viver o mundo à minha maneira. Ainda faz-se presente quando estou em grupo, seja entre encarnados ou não. Por isto emancipa, evolui e encerra vínculos emocionalmente ilusórios. Ela justifica minhas condutas, define meu passado, conforta meu presente e otimiza meu amanhã.

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Dos principais valores, é princípio, meio e fim. Porque todos os meus afetos me remeteram a ela, sinal evidente da força do destino. Será ela a partir de hoje minha morada, não obstante, quem quiser pode me visitar: por discernimento, não me refiro à convivência em sociedade, mas à Solidão do amor. Sem ela, eu não quereria tomar rumo à felicidade. Porque a minha Solidão é o meu cais, do qual zarpam barcos de esperança de um dia encontrar algo que eu possa chamar de Paz.

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"...Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo."

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"ANGEL"
SARAH MCLACHLAN  


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