O cérebro. Estrutura
mais horripilante do organismo. Chefe supremo de seu sistema mais importante, acumula
funções de poder centralizador, controlando ditatorialmente todas as células através
dos tecidos, órgãos e aparelhos. É a polícia corrupta dos corações bandidos, pois
estes quando se entregam, são trancafiados em confortáveis celas sem janelas, banhos
de sol frequentes e alimentação razoável. É a igreja ilusória da alma vadia, pois
esta quando fugidia se torna, minimiza a inquietude, prometendo impossibilidades
e disfarçando solidões. É a escola deformadora dos membros errantes, pois estes
quando se perdem, aponta descaminhos, cobrando trabalhos inexequíveis e induzindo
a condutas suspeitas. É o estado febril da consciência instável, pois esta quando
oscila, determina atos, impondo regras e sentenciando o inverossímil. Nítido controle
social a nível particular. Uma ordem interna que não é compatível com o progresso
libertador, emancipatório. Suas vilosidades estendem as respostas até as portas
do infinito, paradeiro orfanato de dúvidas. E neste emaranhado de neurônios sensoriais é que
teimamos em dar sentido aos nossos motores. Apenas cuida-se do corpo como se instrumento
fosse, a conduzir o espírito aleijado de caminhar sobre pedras sociologicamente
bloqueadoras. Um microcosmo do universo relacional, gota da humanidade na natureza
imensurável e virginalizada. Necessitamos urgentemente usá-lo com mais propriedade,
antes que o resto do corpo se revolte e tome à força aquele poder. Pior ainda, é
se a milícia sentimental o fizer, sinal de derrocada moral e cívica do indivíduo
que não costuma refletir sobre seu papel na fauna social, repleta de poetas enlouquecidos,
prostitutas marginalizadas, homúnculos corruptos, gentes miseráveis e amores servis,
exemplos de que os neurônios não são na totalidade seus. O cérebro, meu melhor amigo,
ainda desconhecido nestas manhãs que são muito mais do que simples manhãs, são na
verdade, as verdadeiras chances...
"Nosso cérebro é o
melhor brinquedo já criado:
nele se encontram todos os segredos, inclusive o da felicidade."
- CHARLES CHAPLIN -
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