quinta-feira, 31 de julho de 2014

CARTOON com Supertramp


 "TAKE A LONG WAY HOME" 
 Roger Hodgson 
 pfm. by Eric Clayton 




MENSAGEM


 Àqueles que amam 
 "Nada é por acaso" 



hERMENÊUTICA <> kRIPTÔNIA / zÉ rAMALHO

SINOPSE 
Esta estranha música do Zé, fala sobre reencarnação e reencontros, além da importância da consideração nas relações entre os seres, e as consequências de seus desajustes quando a força do silêncio impera, impedindo a nova criação, seja do que for.  

 kRIPTÔNIA 
 - zÉ rAMALHO - 

MÁ CRIAÇÃO 
Nada farás de tua sensibilidade. Ela tem formato de pó, queimando em fortes labaredas dos sóis que atravessam o céu dos teus dias obscuros. Ela é feito a chuva, que passa pelo mundo e se esvai pelas bocas de lobo na cidade e pelas erosões do solo nos campos e grotões nas florestas, ou então dissolvendo-se em lagos, rios e oceanos. Às vezes, é como a garoa que as pessoas simplesmente evitam. Nem precisa se dizer das tempestades. A sua natureza fluídica, é tão superficial que se pode secar com panos de chão o espaço, os corpos com toalhas de rosto à mão e as outras coisas não precisa porque evapora-se em poucos minutos. A transparência lhe dá o tom de translucidez e o matiz da invisibilidade total. Pode-se apenas escutá-la, por força das ondas, isto é, do barulho das águas. Águas correntes que não ficam, obedecem ao movimento pré-ordenado do destino pela sina de insignificâncias. Nem adianta vertê-las em palavras, disfarçando sentimentos como se não fossem teus. Porque também tuas palavras são vento para os ouvidos, aquela poeira ardente para os olhos, desinteressados de um submundo individual avesso à modernidade da vidinha contemporaneamente agitada de superfícies. O reconhecimento, é um filho bastardo de outro meretrício, o qual jamais pegará no colo nem verá o rosto, de tão natimorto o prognóstico de tuas esperanças de refletir em alguém. A realidade soberana hoje incansavelmente re-anuncia, que tu jamais terias uma linha, um pouco de pele ou uma voz a teu respeito, muito embora tiveste te dedicado na vã e persistente tentativa de construir um jardim. Sucumbidos a visão, o tato e a audição, somados com a ausência de flores ao teu redor, resta-lhe apenas o paladar. Isso tudo porque relutas em perceber que a maioria dos teus sentidos se evanesce, à medida que tuas singelas exposições suplicam no leito da segredosa existência. Então aproveita e usa tuas papilas linguais, para imaginar o gosto que a vida não te deu. Depois, curva-te à tua sensibilidade, pois foi ela que sustentou até hoje a relação de sobrevida entre os elementos da natureza e os teus sentidos. Tu, que não querias ser droite na vida que nem foi gauche, ainda tens de agradecer...  


I FEEL MYSELF - Arthur RIMBAUD







"Já é outono! — Mas por que deplorar um sol eterno, se estamos empenhados na descoberta da claridade divina, — longe das gentes que morrem ao correr das estações.    
O outono. Nossa barca erguida nas brumas imóveis ruma ao porto da miséria, a cidade enorme sob o céu manchado de fogo e barro. Ah! os andrajos podres, o pão ensopado na chuva, a embriaguez, os mil amores que me crucificaram! Nunca deixará de existir essa vampiro rainha de milhões de almas e corpos mortos e que serão julgados! Revejo-me, apele roída pela lama e peste, os cabelos e as axilas cheios de vermes, e vermes ainda maiores no coração, estendido entre os desconhecidos sem idade, sem sentimento…Eu poderia assim morrer…Horrorosa evocação! Execro a miséria. 
E temo o inverno porque é a estação do conforto! — Vejo às vezes no céu praias infinitas cobertas de brancas nações em festa. Uma grande nau de ouro, acima de mim, agita seus pavilhões multicolores sob as brisas da manhã. Criei todas as festas, todos os triunfos, todos os dramas. Tentei inventar novas flores, novos astros, novas carnes, novas línguas. Acreditei adquirir poderes sobrenaturais. Muito bem! Devo sepultar minha imaginação e minhas lembranças. Uma linda glória de artista e de narrador perdida! 
Eu! Eu que me chamei mago ou anjo, dispensado de toda moral, voltei ao chão, com um dever a buscar, e obrigado a áspera realidade abraçar! Campônio! 
Engano-me? seria a caridade, para mim, irmã da morte? 
Enfim, pedirei perdão por ter-me nutrido de mentira? E sigamos. 
Mas nenhuma mão amiga! e onde encontrar o socorro? 
Sim, a nova hora é pelo menos muito severa. 
Pois posso dizer que a vitória me foi dada: o ranger de dentes, o sibilar do fogo, os suspiros pestilentos se atenuam. Todas as lembranças imundas se apagam. Minhas últimas queixas se esfumam, — inveja dos mendigos, dos salteadores, dos amigos da morte, dos párias de toda espécie. — Malditos, se eu me vingasse! 
É necessário ser absolutamente moderno. Nada de cânticos: manter o terreno conquistado. Dura noite! O sangue ressequido fumega em meu rosto, e nada tenho atrás de mim a não ser este horrível arbusto!…O combate espiritual é tão brutal quanto a batalha dos homens; mas a visão da justiça é o prazer só de Deus. 
É a vigília, entretanto. Recebamos todos os influxos de real vigor e ternura. E, ao romper da aurora, armados de ardente paciência, entraremos nas cidades esplêndidas. 
Que falava eu de mão amiga? É uma bela vantagem poder rir-me dos velhos amores ilusórios, e cobrir de vergonhas esses casais mentirosos — vi o inferno das mulheres lá em baixo; — e me será permitido possuir a verdade em uma alma e um corpo.”  

Trecho de 'Uma Temporada no Inferno', 1873 


Jean-Nicholas Arthur Rimbaud (1854- 1891) 



segunda-feira, 28 de julho de 2014

COVER com CAVIAR


 "Há um prazer nas florestas desconhecidas;
 Um entusiasmo na costa solitária;
 Uma sociedade onde ninguém penetra;
 Pelo mar profundo e música em seu rugir;
 Amo não menos o homem, mas mais a natureza..."  
 - LORD BYRON -  


 'Forever Young' 
 Rod Stewart 
 by Golden Youth 



ORIGINÁLIA << James Taylor - You've Got A Friend


Nesta magnífica canção universal 
JT destaca a importância da verdadeira amizade 
o sentimento que é ao mesmo tempo sólido e anímico, 
altivo mas acessível, incólume até 
com o qual pode se contar por todo o tempo 
lembrando que o seu cultivo é ato de ternura 
brotando chamamento em todo e qualquer espaço.. 





Evento S.A.R - "Palhaço"


Reflexões ao som de boa música 


Da vida descolorida das crianças pobres do país, extrai-se a verdadeira esperança: seus sonhos furta-cor. A realidade ignorada pelos homens públicos, faz quase extinguir a fantasia. Mas não, ela resiste, tal qual a alegria contida no triste palhaço, que é capaz de viver em cena o seu sonho, como as crianças o fazem no papel. Sobre o palco ou sobre as folhas, há um mundo mágico, onde é permitido ser feliz. É preciso olhar a vida de frente. Nem que este olhar parta destas crianças, por que não em nossa direção. Se nós resistirmos, sem lacrimejar, é porque temos alguma semelhança com os homens públicos. Do contrário, é sinal que realmente há esperança... 


 "Palhaço" 
 - Egberto Gismonti - 



Evento S.A.R - "A Solidão"

A SOLIDÃO

Dos maiores paradoxos, é peculiar ausência em meio a tanta gente. E se faz mais presente quando toda esta gente dorme. À medida que a noite se aproxima, ela vai chegando sem convite, e se instala num espaço recorrente, revelado em toda madrugada.

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Das fortes sensações, é surda-muda que ninguém vê, apenas eu posso senti-la. Mais ainda, ninguém sabe sobre ela, minha fiel companhia particular. É a amiga oculta, que me visita nos momentos em que eu me privo do mundo lá fora. É parceira quando escuta minhas músicas lentas junto comigo. E é também amante quando me vê nu, aliviando-me das energias que não circulam.

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Das grandes contradições, é ao mesmo tempo uma, duas até três destas variantes mencionadas. De tanto que me acompanha, faço concluir que não vivo só. Ela sempre está, a cada instante, a todo passo. Mantemos um pacífico relacionamento, sem sorrisos nem riscos, alegria nem tristeza. Mas os diálogos são intensos. Porque ela permite conversar a ponto que de que eu possa me conhecer mais e mais a cada nova manhã, por concebê-la como tal chance.



Das intensas emoções, faz orientar em meu próprio caminho. Sei do que eu quero, por aquilo que eu posso e o que tentarei. Minha Solidão é o maior exemplo de solidariedade que eu pude ter, pois jamais me abandona. Ela é alguém que não existe, mas fica bem ao meu lado. Não é alguém imaginário: estes, são fantasias que tentamos vestir em alguém que já conhecemos, nunca servindo a contento.

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Das importantes essências, é bálsamo e energia em forma anímica. Porque eu a respiro junto com o oxigênio, expirando respostas para todas as minhas questões. Ela caminha junto comigo pelas calçadas. Passeia pelos parques, trafega no trânsito entre os automóveis. É companheira na leitura, na informação e no estudo. Motiva-me no trabalho, me impulsiona à atividade física. Brincamos juntos com os animais, os quais prontamente a reconhecem. Sobretudo, me inspira ao manifesto de sempre escrever.

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Das melhores paisagens, minha Solidão ilumina meu quarto. Enche minha sala, floresce meu jardim, limpa minha rua. Arruma minha mochila, aponta-me a estrada, anima minhas viagens. Colore as montanhas, despolui os rios e clareia minha praia do sol que tanto preciso. Ensina-me que o mundo não é só aqui. Mata minha sede, sacia minha fome, traz saúde ao meu corpo. Principalmente, alumia meu espírito. Porque ela acolhe, liberta e glorifica, em direção à luz, ou à verdade.

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Dos relevantes sentidos, ela está comigo quando rolam as poucas lágrimas, e também os bastantes sorrisos. Alimenta os meus sonhos e conduz minha criatividade. Afirma que não há loucura alguma em compreender e viver o mundo à minha maneira. Ainda faz-se presente quando estou em grupo, seja entre encarnados ou não. Por isto emancipa, evolui e encerra vínculos emocionalmente ilusórios. Ela justifica minhas condutas, define meu passado, conforta meu presente e otimiza meu amanhã.

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Dos principais valores, é princípio, meio e fim. Porque todos os meus afetos me remeteram a ela, sinal evidente da força do destino. Será ela a partir de hoje minha morada, não obstante, quem quiser pode me visitar: por discernimento, não me refiro à convivência em sociedade, mas à Solidão do amor. Sem ela, eu não quereria tomar rumo à felicidade. Porque a minha Solidão é o meu cais, do qual zarpam barcos de esperança de um dia encontrar algo que eu possa chamar de Paz.

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"...Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo."

****

"ANGEL"
SARAH MCLACHLAN  


__________

COVER com PATÊ


 "As expectativas de um relacionamento afetivo 
 Independentemente do gênero ou espécie que venha a alcançar 
 Podem se iniciar somente a partir do primeiro encontro 
 Se elas são anteriores, 
 Faz-se do próximo um depositário qualquer 
 Não de expectativas, 
 Mas de permanentes ilusões... 
 Daí a diferença, 
 Entre esperar por alguém indefinido 
 E caminhar com determinado alguém.. 
 Junte-se isso à importância, 
 De se reconhecer reciprocamente, 
 O que vem a ser este primeiro encontro..." 
 - DIAMOND FISHER - 




 Wait 
 - Alexi Murdoch - 
 cover by Michael Linn 



domingo, 27 de julho de 2014

Contos sob a copa das Araucárias


 CÔNCAVOS 



Ela estava sentada num banco de madeira, naquela manhã instável do parque público, tão vazio de gentes. O vento ligeiramente fresco lhe tirara a vontade de caminhar, preferindo ler aquele livro teimosamente inacabado. Outro romance, onde quase sempre as estórias impossíveis se transformam em realizações até o final. Mas as frases a conduziam como se fosse aquele vento, e volta e meia tinha que voltar do pensamento até as páginas. Do nada, surgiu ele caminhando, atravessando as pistas e o gramado em sua direção. Não pôde descrevê-lo, ante o súbito momento. Aproximou-se, tomou-a pelas mãos levantando-a do banco. Tirou os óculos e deu-lhe um suave e demorado beijo na boca. Ela, paralisada, entregou-se ao doce mistério com sabor desconhecido até então. Ele, tocando com o dorso da mão no rosto dela, despediu-se sem deixar voz. Rumou em direção ao lago, sumindo na paisagem do tempo. Desperta do fato, sentou-se ao banco tentando começar a entendê-lo. Não conseguiu, pois deverá carregar isso ainda por muito em suas dúvidas. Apanhou suas coisas e foi embora dali, tomando o caminho de casa. Talvez ele fosse alguém do passado, que por timidez não pôde se aproximar. Ou então fosse alguém do futuro, que por destino resolveu antecipar sua despedida. Do presente, não poderia ser, por estar ausente de espaço, de onde viria tal pessoa, tons de enigma...coisas que morreremos sem saber. Em função de um comportamento, ela jamais soube compreender que ele na verdade era ela mesma. Alguém que deslocou-se de si, para fazer um gesto de carinho que faltava, em alguém que não soube lidar carinhosamente com as pessoas do seu espaço. Antes de entrar em casa, abraçou uma mulher qualquer na rua, chorou e seguiu sem dizer nada. Por sua vez, essa outra mulher também não reconhecia que omitia abraços. Mas deu um sorriso para o moço que passava de bicicleta. Este, acenou para um senhor que passeava com seu cão. E assim seguiu a humanidade. Depois daquele dia, cada um recebendo algo que não costumava dar. Algo que não tinha preço, mas era capaz de mover. Então a nova humanidade se fez presente, independente dos lugares e das horas, distribuindo gestos e compartilhando descobertas. Assim, acabaram-se os sonhos, e a fantasia agora era a realidade recentemente costumeira, tomada de pesadelos. Não se sabe ainda quem foi o primeiro a estender a mão. Mas ficou claro que todos fazem parte do vento, da imaginação e da companhia de si mesmo...


sábado, 26 de julho de 2014

ACADEMIAs

‎"Três tipos de pessoas fazem do desamor o alimento para sua sobrevida. Os músicos, porque a inspiração vem de lá. Os poetas, porque a inspiração permanece lá. E os loucos, porque a inspiração é sempre a metade. Por isto, não se pode confundi-los com ninguém, apenas entre eles mesmos. " 
- Corbeau 




"Eu vivo à espera de inspiração com uma avidez que não dá descanso. Cheguei mesmo à conclusão de que escrever é a coisa que mais desejo no mundo, mesmo mais que amor."   
- Clarice Lispector 


hERMENÊUTICA <> sECRET oF lIFE / jAMES tAYLOR - cOVER bY aNDREW fROST


SINOPSE 
Esta linda canção de James Taylor, conta sobre o passeio da vida, algo que não é tão segredo assim, pois todos nós estamos aí para fazê-lo. Estamos sim num caminho, então cada coração deve abrir-se para a passagem do tempo, algo que não deve ser atrapalhado pelo medo, pois ambos não são reais, são apenas frutos dos nossos pontos de vista. Por isso precisamos flutuar por aí - já que é difícil entendermos a rota das estrelas - e ir compreendendo o quanto a vida é encantadora, assim como são os sentimentos e o seu sorriso. 


 sECRET oF lIFE 
 - jAMES tAYLOR  - 
 cover by aNDREW fROST  




"Quando alguém, de repente 
Começa a ocupar um lugar cativo em nós
Aparecem à frente três caminhos: 
O silêncio e todos os seus medos  
A paixão e todos os seus riscos 
A serenidade e todo o nosso equilíbrio 
O primeiro é omissão 
O segundo é aventura 
O último caminho, pode vir a ser Amor. 
Mas não precisamos optar por nenhum deles 
Quando é a natureza quem desenha a paisagem 
Simplesmente, seguimos na direção da luz 
Revelada na forma de destino” 
- Corbeau 


Alforria - MÚSICA em Sol


 "De Volta ao Começo" 
 GONZAGUINHA 






KAMASUTRA


 "CERTAS COISAS" 
 LULU SANTOS & NELSON MOTTA 
 por LENINE & CRISTINA BRAGA 



 EREMITAS  -  por Ôtra de Queirós 

“O silêncio, é o habitante guardião das nossas cordilheiras. Lá, a verdade o abastece d’água e o sonho é o seu alimento. Mas para que ele viva em paz, basta compreendê-lo, não indo além. E também respeitá-lo, então é preciso calar. Assim, protegemos aquilo que imaginamos ser o horizonte.”  



sexta-feira, 25 de julho de 2014

Certas Canções que eu amo - "Terra"


 "Terra" 
 de Caetano Veloso 
 por Mauro Vero & Valbilene C. Palmucci 



Navegando em Continentes / +1







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Crônicas do PELOPONESO

 Duelos deles 
 Pistola doze tiros, mais um no cano 

 - das balas no alvo 
 Ele tem fome, ela tem sede 
 Ele pensa muito, ela acha tudo 
 Ele sonha, ela deseja 
 Ele soma, ela multiplica 
 Ele divide. Ela subtrai 
 Ele entristece, ela chora 

 - das balas na mosca 
 Ele não gosta, ela não curte 
 Ele não procura, ela não busca 
 Ele afasta, ela rejeita 
 Ele sem razão, ela sem emoção 
 Ele quer sair. Ela não quer ficar 
 Ele com vontade de morrer, ela de renascer.. 

 - da última bala 
 Os dois não amam mais... 

    Os silenciadores sociais não abafaram os disparos internos 
    Eis a morte sem sangue do casal que não foi dois... 


 { música incidental - O QUERERES - Caetano Veloso & Maria Gadú }   




segunda-feira, 21 de julho de 2014

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Seção ELEVATION



  PUSHKAR  -  WONDERING  







COVER com CAVIAR

 “Tudo em ti, 
 era uma ausência que se demorava:
 uma despedida, 
 pronta a cumprir-se.” 

 CECÍLIA  MEIRELES 

 ***** 

 Babe I’, Gonna Leave You 
 - Led Zeppelin – 
 by Pink 




quarta-feira, 16 de julho de 2014

Contos sob a copa das Araucárias


 RUBRA  ESTANTE 


Naquela vasta biblioteca, quase nenhum romance. Tomada que estava de obras de ficção. Não havia outros gêneros, o acervo era mesmo feito de interpretações imaginárias da realidade então compreendida, e suas respectivas projeções, alcances, às vezes estagnações temporárias. Nenhum conteúdo retrógrado, saudosismo não habitava por ali. No alto, estórias de um tempo mais antigo, quando as chances do futuro eram mais altivas, desprendidas, libertas. À meia altura, uma prateleira sem volumes se estendendo de ponta a ponta, continha alguns porta-retratos de pessoas que ficaram. Ao alcance sem esforço das mãos, o mundo aos olhos contemporâneos de contemplar. Páginas de natureza morta se multiplicavam em progressão desordenada, formando o design daquele corredor ambientalmente adaptado. Era o corredor da vida, onde ela (a pessoa) guardava com apreço a lembrança de suas experiências com as coisas reais, seus delírios, sonhos e desejos levados pelo vento do espaço. Sempre autoral, pouquíssimos estranhos faziam companhia a seu depositário cantinho de emoções, razões e combates entre ambas. Mas eram as ausências que dominavam a temática local, diferentemente de alguns nichos ainda não preenchidos. Quem se aproximasse dali, sentiria algo estranho, como se parasse diante de um mar e não escutasse o barulho das ondas que avistava. Como se olhasse para o sol sem ofuscar-se, ou para um céu noturno límpido sem estrelas. Um rio parado, a floresta silenciosa, um vento imaterial. Não era nada insano, apenas humano. Talvez seja mesmo essa a sensação que se tem numa livraria, de alguma coisa por fazer, mais que uma simples atitude, exigindo um comportamento proveniente de um hábito traduzido num ato de estender a mão e apanhar um livro não qualquer. Mas todo aquele ambiente era estranho demais para que alguém se interessasse por tais conteúdos. Pessoas passavam por ali como diante de um jardim de inverno, intransponivelmente. Depois de algum tempo pré-determinado pelo destino, seguiam seu curso, em direção à vida de verdade lá fora, longe dali, distantes daquela desinteressante e maravilhosa biblioteca, o seu coração. 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

ACADEMIAs

O cérebro. Estrutura mais horripilante do organismo. Chefe supremo de seu sistema mais importante, acumula funções de poder centralizador, controlando ditatorialmente todas as células através dos tecidos, órgãos e aparelhos. É a polícia corrupta dos corações bandidos, pois estes quando se entregam, são trancafiados em confortáveis celas sem janelas, banhos de sol frequentes e alimentação razoável. É a igreja ilusória da alma vadia, pois esta quando fugidia se torna, minimiza a inquietude, prometendo impossibilidades e disfarçando solidões. É a escola deformadora dos membros errantes, pois estes quando se perdem, aponta descaminhos, cobrando trabalhos inexequíveis e induzindo a condutas suspeitas. É o estado febril da consciência instável, pois esta quando oscila, determina atos, impondo regras e sentenciando o inverossímil. Nítido controle social a nível particular. Uma ordem interna que não é compatível com o progresso libertador, emancipatório. Suas vilosidades estendem as respostas até as portas do infinito, paradeiro orfanato de dúvidas. E neste emaranhado de neurônios sensoriais é que teimamos em dar sentido aos nossos motores. Apenas cuida-se do corpo como se instrumento fosse, a conduzir o espírito aleijado de caminhar sobre pedras sociologicamente bloqueadoras. Um microcosmo do universo relacional, gota da humanidade na natureza imensurável e virginalizada. Necessitamos urgentemente usá-lo com mais propriedade, antes que o resto do corpo se revolte e tome à força aquele poder. Pior ainda, é se a milícia sentimental o fizer, sinal de derrocada moral e cívica do indivíduo que não costuma refletir sobre seu papel na fauna social, repleta de poetas enlouquecidos, prostitutas marginalizadas, homúnculos corruptos, gentes miseráveis e amores servis, exemplos de que os neurônios não são na totalidade seus. O cérebro, meu melhor amigo, ainda desconhecido nestas manhãs que são muito mais do que simples manhãs, são na verdade, as verdadeiras chances... 




 "Nosso cérebro é o melhor brinquedo já criado: 
 nele se encontram todos os segredos, inclusive o da felicidade." 
 - CHARLES CHAPLIN -