terça-feira, 25 de julho de 2017

Qualquer Lado Para Cima - poesia em descompasso




Eu tenho três pães
É muito,
    pouco,
Ou muito pouco
Quantos comem três pães
Para um é muito
Para três,
    ou para seis
Quem são vocês
Que distribuem os pães?
São poucos
Muito poucos
Quem dera fossem nada
E a farinha,
    totalizada...


Um berro
Para depois o silêncio
Alguém pede atenção
Pela voz em grito,
    ou pelo mistério do depois?
E quando não tem brado
Não há mistério
É sempre falta
Latência
Carência
Dois ou mais quês de expiação..


Esqueça, logo
Pois há sonhos que não se realizarão
Sem necessidade de se esperar o amanhã
Para que se tenha ciência disso...


Abro a porta, o que tenho?
Eu tenho uvas, rubis... com vírgula
Também mimosas, mexericas, bergamota, ponkâs, tangerina, monte negrinho ou outro sinônimo..
Não tenho colo
Nem bocas, mãos, braços, pernas, coxas, seios, bundas, órgãos sexuais...
Essa janta de sexta à noite vai ser um tédio
Muita fruta para nenhuma gente
O quê é ácido afinal?
As minhas ausências ou aquilo que eu tenho?


Eu vi
No beiral de tua sacada
Tinha uma muda de não sei quê
Broto que não deu
Se desse, lá eu estava
Sem chuva nem ventania
Mas em pessoa,
    que tanto lhe quis alçar
    qualquer flor
    em qualquer andar..


Pausa para o chá
De tarde, o café
Quem é que não quer
Disfarçar sua frialdade
    que não assume
    não reconhece
Só se aquece
Via fogo artificial
De natural
Apenas os outros...


Em sua mãos,
    as terminações nervosas livres
No coração,
    as metades afetivas hesitantes
E lá na consciência,
    O princípio hermético da razão
Ser qual ser,
    eis a pergunta
Qualquer um,
    mas apenas um,
Eis a melhor resposta,
    depois do depende.. 


Elas vão embora da gente
Levam os cafés,
    os chás e as cervejas
    o vinho e a aguardente
Ficamos com as xícaras,
    as xícaras e os copos
    as taças, os cálices
Todos guardados
Porque a solidão é um gargalo...


Depois do tapa
Qualquer palavra é soco


A mulher também caça
O homem finge que não
Hipócrita, ele finge ser presa
Esconde seus dentes e as mãos
Depois da luta
A mulher chora
O homem lamenta
E os dois sangram
Disfarçam que não
Mas todo mundo vê
Porque vermelho,
    é a cor mais verde...



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