HALLELUJAH
Enfim, à zero hora de
uma data qualquer, o nômade licórnio descobriu que a história de sua vida
também era uma lenda. Atravessou seu tempo e espaço, inutilizando aos poucos a
força de sua pureza. Concluiu seu desejo ser profano, evanescente, estelar.
Porque aqui, nos campos da existência, nenhuma donzela o reconhecera, tendo
sido ele ignorante dos seus regaços. Então, depois de reavistar sua natureza,
tomou o caminho de sua originária constelação, para lá se eternizar. O universo
fora para ele a terra, mas esta lhe significou, em realidade, não mais do que o
ar. Elementos divergentes dominando os sentidos em função do poder dos
mistérios, aprendeu que o mundo há de ser muito mais do que aqui. Finda sua trajetória
pela certeza da ausência do único e verdadeiro sentir, é morta a vida em
contemplação. Agora, é desfazer os rastros e retomar o céu, bem se conduzindo pelo
soberano galope, destino que outrora havia lido nas entrelinhas de seu desvirginado
coração.
Canção Agalopada – Zé Ramalho
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