quinta-feira, 14 de março de 2013

Contos sob a copa das Araucárias



 PURPURAH 


Foi repentinamente, que o mar se fez presente naquele improvável momento planaltino. Entrou pelos meus olhos para ir desaguar na foz de meus questionamentos. Estarrecido, perguntei a ninguém se no mundo real, pode tal cor ser compatível a uma existência humana. Não foi preciso me responder, que tal beleza, é dessas que inadvertidamente movem o mundo na direção do amanhã. Uma imagem que chega, permanece e conduz, a um lugar que se desconhece, tamanha a peculiaridade de sua natureza, da qual desponta um matiz de proporções certamente mitológicas. Após o choque, levantei-me e corri ao violão para traduzir a certeza de um sentimento que eu não viverei. As notas soaram a anunciação de um laico anjo, protetor dos navegantes dos mares mais azuis sob os céus mais anis. Ignorante, eu nunca imaginara que o sentido da vida possuía uma cor. Se eu soubesse, não a teria reconhecido. Nem teria visto a verdadeira natureza disfarçada de você. Tão pouco, ousado na tentativa fracassada em decifrar o impossível. Há coisas dimensionais na vida, as quais devemos apenas admirar, despir-nos de eventuais pretensões, e depois ir embora. Quem sabe um dia voltar, mas sempre em silêncio. Porque quando se vê algo determinantemente azul, mas sente-se o vermelho próprio da emoção, podemos chamar de púrpura. Todas as coisas como o mar, o céu e o seu olhar... 


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