quarta-feira, 13 de março de 2013

AUTORALLIA << Feira Contemporânea / por Cecília Faroll



FEIRA CONTEMPORÂNEA 
Às terças, ela vai à feira noturna, momento em que reconto os frutos que eu não colhi. Alimentos, cada qual com a sua preferência. Pois a vida, é um mero e permanente exercício de escolhas a fim de saciarmos nossas necessidades de toda natureza. Mas oferta e procura induzem ao erro, porque fazem das relações humanas algo informal. As coisas do coração não são assim. Mas eu não sei como seriam as coisas do coração, se a história fosse outra. Nelas não cabem hipóteses, por não terem lugar próprio, nem tempo definido. Resta saber se há diferença entre viver e amar, ou se coexistem numa coisa só. Nunca saberei, posto que sou mental. Meus pensamentos guiam-me durante a noite, mas para longe das feiras, ignorando frutos sob a leva da bastarda retórica que me faz novamente idiotizar as coisas do meu coração. Sem a chance, órfão de escolhas, sigo pelos dias, louvando minha inapetência afetiva. Vou rotineiramente até o mercado vespertino, em razão da minha sede da qual também desconheço a causa. Que venha logo o fim de semana, chegando mais uma semana ao seu fim, para que eu possa enfim descobrir que todos os dias são iguais, só porque todas as feiras também parecem ser. Tal qual pensa outro idiota, ou seja, todos aqueles que não têm a capacidade de reconhecer frutos matinais.. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário