quinta-feira, 14 de agosto de 2014

CÍTIO de Zenão - Tropismosofando




 TROPISMOSOFANDO 
Há um lugar que visito agora. Nem ermo, nem suave. Nem hostil, nem acolhedor. É para onde confluem todos os meus eus. Uma reunião de todas as minhas possibilidades, passeando de mãos dadas com o impossível. Todas as minhas convicções, abraçando fortemente as minhas incertezas. Todas as minhas respostas, beijando-se na boca com as dúvidas minhas. Meus valores, agarrando-se sem qualquer pudor em um novo mundo meu. Minhas perspectivas, fazendo amor explícito com meu desamor. Uma terra de ninguém, onde todos são ao mesmo tempo rei e súdito, soberano e vassalo, amo e escravo. Onde a lei não existe, a ordem não prospera, a desregulação é o lema. Aqui, não há constelação alguma, pois todas as estrelas são cadentes. Aqui onde os astros dançam, a natureza canta e seus elementos festejam. Uma espécie de amálgama entre foz, curso e delta da vida em torno de mim. Tudo isso numa junção entre marco zero e infinito. Eu nunca estive aqui. Uma beleza que me confunde, me seduz por tanto, encantamento que atrai e sustenta, à medida que me afasto ou me aproximo dela. Então não há distâncias ou espaços, que pudessem limitar a fronteira entre o imaginário e a realidade. Pois aqui, eu sou tudo dentro do nada, sou algo fora do tudo. Dou um abraço forte em mim mesmo, como se eu estivesse por todo o tempo atrasado, por todo o espaço perdido. Penso, reflito, existo. Mais que isto, sinto que eu me encontrei. Porque quando eu olho para este céu, chegam todos os tipos de considerações e justificativas que explicam a minha vida até aqui. Levado pela força motriz da natureza, cheguei ao Éden da minha história. Tantas maçãs ao meu dispor. Tanta água para me banhar. Tanta luz a me guiar. Só falta encontrá-la, para agradecer a carona com fraternos abraços no calor de sua alma, além de virtuosos beijos na paz de seu corpo...



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