TROPISMOSOFANDO
Há um lugar que visito agora. Nem ermo, nem
suave. Nem hostil, nem acolhedor. É para onde confluem todos os meus eus. Uma
reunião de todas as minhas possibilidades, passeando de mãos dadas com o
impossível. Todas as minhas convicções, abraçando fortemente as minhas
incertezas. Todas as minhas respostas, beijando-se na boca com as dúvidas
minhas. Meus valores, agarrando-se sem qualquer pudor em um novo mundo meu. Minhas perspectivas, fazendo amor explícito com meu desamor. Uma terra de ninguém,
onde todos são ao mesmo tempo rei e súdito, soberano e vassalo, amo e escravo.
Onde a lei não existe, a ordem não prospera, a desregulação é o lema. Aqui, não
há constelação alguma, pois todas as estrelas são cadentes. Aqui onde os astros
dançam, a natureza canta e seus elementos festejam. Uma espécie de amálgama entre foz, curso e delta da vida em torno de mim. Tudo isso numa junção entre
marco zero e infinito. Eu nunca estive aqui. Uma beleza que me confunde, me
seduz por tanto, encantamento que atrai e sustenta, à medida que me afasto ou me aproximo dela. Então não há
distâncias ou espaços, que pudessem limitar a fronteira entre o imaginário e a
realidade. Pois aqui, eu sou tudo dentro do nada, sou algo fora do tudo. Dou um
abraço forte em mim mesmo, como se eu estivesse por todo o tempo atrasado, por
todo o espaço perdido. Penso, reflito, existo. Mais que isto, sinto que eu me
encontrei. Porque quando eu olho para este céu, chegam todos os tipos de considerações
e justificativas que explicam a minha vida até aqui. Levado pela força motriz
da natureza, cheguei ao Éden da minha história. Tantas maçãs ao meu dispor. Tanta água para me
banhar. Tanta luz a me guiar. Só falta encontrá-la, para agradecer a carona com fraternos abraços no calor de sua alma, além de virtuosos beijos na paz de seu corpo...
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