sexta-feira, 22 de agosto de 2014

pOESIA IMPURA - Eduardo Carval

"ENTRE APEDEUTAS E O CATACLISMO SOCIAL" 

 POETAS SÃO IMPURA FICÇÃO 
 SÃO LENDAS, ILUSÕES, DELÍRIOS 
 ABSTRAÇÕES, ATÉ 

 POETAS NÃO TÊM VERDADE PRÓPRIA 
 SÃO FALSOS, NÉSCIOS, IMORAIS 
 PÉRFIDOS, TAMBÉM 

 POETAS NÃO SENTEM 
 SÃO GÉLIDOS, INDOLENTES, CRUÉIS 
 BÁRBAROS, AINDA 

 POETAS NÃO SÃO HUMANOS 
 SÃO RASTEIROS, SELVAGENS, PRIMITIVOS 
 BESTAS, SOBRETUDO 

 ENTÃO COMO SOBREVIVEM OS POETAS? 
 PELO DESAMOR 
 O DESAMOR É A MAIOR FONTE DE INSCIÊNCIA NAS RELAÇÕES ENTRE OS SERES 
 A PARTIR DELE, 
 O DESEJO DE DESEJAR REVOLUCIONARIAMENTE, 
 QUE ESTA MESMA VIDA FOSSE OUTRA... 



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Tropicanos



 LUDMILA ANDRADE 
 "all star" 
 - Nando Reis 





COVER com CAVIAR

 "Quem nasceu mesmo moreno, 
  Moreno de vocação
  Gosta de mar e sereno, 
  De estrela e de violão.
  Pode até gostar de alguém
  Mas nunca deixa a solidão."  
 - Cecília Meireles - 

 "Um Violeiro Toca" 
 - Almir Satter - 
 por Renato Teixeira 



quinta-feira, 14 de agosto de 2014

CARTOON com Alceu Valença


 Se o sol fosse companhia 
 E a solidão, lua.. 
 Quanto mais próximo da alvorada, 
 Mais o luar se evidencia 
 Por vezes invade o mesmo espaço 
 A lembrar que sempre será guia.. 



 "SOLIDÃO" 
 - alceu valença - 
 por Thiago Tobias 





Seção Formato Mínimo


 Adote um mistério em sua vida 
 Procure saber se determinado silêncio, 
 Falece a partir do nada 
 Ou nasce em razão de algo.. 
 Essa busca não será mistério 
 Essa busca será a vida. 


 “Luz e Mistério” 
 Beto Guedes & Caetano Veloso 
 por Djavan 





CÍTIO de Zenão - Tropismosofando




 TROPISMOSOFANDO 
Há um lugar que visito agora. Nem ermo, nem suave. Nem hostil, nem acolhedor. É para onde confluem todos os meus eus. Uma reunião de todas as minhas possibilidades, passeando de mãos dadas com o impossível. Todas as minhas convicções, abraçando fortemente as minhas incertezas. Todas as minhas respostas, beijando-se na boca com as dúvidas minhas. Meus valores, agarrando-se sem qualquer pudor em um novo mundo meu. Minhas perspectivas, fazendo amor explícito com meu desamor. Uma terra de ninguém, onde todos são ao mesmo tempo rei e súdito, soberano e vassalo, amo e escravo. Onde a lei não existe, a ordem não prospera, a desregulação é o lema. Aqui, não há constelação alguma, pois todas as estrelas são cadentes. Aqui onde os astros dançam, a natureza canta e seus elementos festejam. Uma espécie de amálgama entre foz, curso e delta da vida em torno de mim. Tudo isso numa junção entre marco zero e infinito. Eu nunca estive aqui. Uma beleza que me confunde, me seduz por tanto, encantamento que atrai e sustenta, à medida que me afasto ou me aproximo dela. Então não há distâncias ou espaços, que pudessem limitar a fronteira entre o imaginário e a realidade. Pois aqui, eu sou tudo dentro do nada, sou algo fora do tudo. Dou um abraço forte em mim mesmo, como se eu estivesse por todo o tempo atrasado, por todo o espaço perdido. Penso, reflito, existo. Mais que isto, sinto que eu me encontrei. Porque quando eu olho para este céu, chegam todos os tipos de considerações e justificativas que explicam a minha vida até aqui. Levado pela força motriz da natureza, cheguei ao Éden da minha história. Tantas maçãs ao meu dispor. Tanta água para me banhar. Tanta luz a me guiar. Só falta encontrá-la, para agradecer a carona com fraternos abraços no calor de sua alma, além de virtuosos beijos na paz de seu corpo...



Seção Reabertura






terça-feira, 12 de agosto de 2014

Seção SUSPENSÃO





 canção incidental 
 "SÓ  -  OSWALDO MONTENEGRO" 


 "Tudo tem um tempo 
 Mas o tempo não é tudo 
 Há também, 
 Aquilo que já fez espaço 
 E, por respeito 
 Há de ser preservado." 

 - Eduardo Carval - 


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

phOTOCALIGRAfIA









ORIGINÁLIA << Jack Johnson - No Other Way


Esta suave canção de JJ fala sobre mentes hesitantes 
Que as palavras não têm olhos para aquilo que é invisível 
Que as respostas não devem ser escondidas 
Que o silêncio traz a confusão e seus consequentes desvios 
Mas que não precisamos daquelas respostas, 
Apenas de reflexão para chegar às razões das coisas 
Pois há o risco de tudo isso ter um fim.. 






sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Navegando em Continentes






INSTRU#MENTALLIS ]modificado[


"Recorte uma fatia do seu tempo 
 Aquela que se fez maioral 
 Esquecendo se foi manhã, tarde ou noite 
 E no mais absoluto silêncio, 
 Coloque-a num porta-retrato em cima da cômoda 
 Sente-se ao lado da música 
 E faça um brinde de uma taça só 
 Tilintando com o maravilhoso Tempo.." 
- Neruda Paulífero 


 Wonderful Tonight 
 Eric Clapton 
 by Sungha Jung 




do Cachoeira ao Fazendinha - ligeirinhas reflexões sem conexão




 - Digressões Polaquianas - 
Como definir essa palavrinha tão pequena mas tão ordinária, para depois raciocinar sobre a sua amplitude, tamanho, distâncias e tantos outros lances dimensionais. Não, ela não pode ser definida. Só os inconsequentes como eu tentam fazê-lo, sempre em vão, conseguindo no máximo conceituá-la. Defini-la seria limitar, especificar, conter, dar-lhe sentido estrito, alcance mínimo. A inconsequência se encontra na tola subsunção humanoide de um sentimento, como se fazer isso fosse preparar fatias generosas de abacaxi com canela da Índia. É, pode-se atribuir algumas extensões ao substantivo mais querido. Mas calma lá: antes de tudo, a questão da competência. Quem é que pode falar disso? Será que apenas os que estão amando? Ou os teóricos da ciência para-sentimental também estão qualificados? Basta seus diplomas, certificados e aceitação popular? E quando eles falam, falam do amor deles ou do amor dos outros? Quem é capaz de compreender o sentimento alheio? Tenho de expulsar perguntas dentro do espaço das respostas, mesmo que eu não as encontre. Então adeus, interrogações metropolitanas, vocês não trouxeram vale-transporte. Entro no tubo. Sinto-me um grão dentro de uma cápsula via oral, a ser deglutida na próxima parada. Então...é isso mesmo: a próxima parada é uma questão de tempo. Portanto não se pode falar hoje sobre o amor do amanhã. Falar do amor, seria uma questão kriptonítica, no sentido de parar rotação e consequente translação do mundo e seus planetinhas de condomínio. Um amor que é hoje assim, amanhã mesmo pode estar torrado. Pulou o assado. Outro amor, que ontem era daquele jeito, hoje pode estar bem melhor. Saltou longe do amanhã. Pensar se o amor está ou é. Se a ele conferimos tempo ou espaço. Quais as grandezas que acompanham a sua rota. Penso que a da companhia. A da ouvidoria. Do conselho. Do estoque. Mas isso são cousas empresariais...gestacionais...lembrando gestação, útero, gravidez...lembrando gravidade...isso: amor é desafiar a lei da gravidade. Um desafio involuntário, que solta, eleva, sublima na direção do outro. Um outro que não pode estar por terra, há de ser suspenso no mesmo ar que a sustenta. Dois corações flutuando ao sabor da brisa, dos ventos, das tempestades, e sempre pairando ali. Ali onde o colibri, o beija-flor e a passarada toda costuma piar: na alma da natureza. Então o amor é um estado de perfeita sintonia entre o ser e a natureza. Talvez aí mesmo estivesse colocada a caixa do amor...mesmo que ele lá não caiba...pois é uma caixa sem tamanho...mas é onde cabem apenas dois dentro...uma caixa, simbólica caixa...que nunca pode se fechar para a vida. Mas coitados dos amantes que ainda não aprenderam abri-la com a inteligente condutância de um hábil guia... 


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

sábado, 2 de agosto de 2014

Flagrantes da I-n-t-e-r-s-u-b-j-e-t-i-v-i-d-a-d-e


- “Mas diga-me lá, meu rapaz...costuma viajar pra fora? Que países conhece?” 

- “Não. Eu costumo viajar pelo interior. O interior é um lugar maravilhoso. Eu vivo indo pra lá.” 

- “Ah, mas você precisa conhecer outros países meu caro, não sabe o que está perdendo.” 

 - “Perda, é algo muito relativo meu senhor. Penso que não se pode perder o que não se tem." 

- “Então, é isso mesmo que eu digo, tem que ir pra lá para ter alguma coisa. A relatividade é uma questão de espaço.” 

- “Não penso assim. Quando uma coisa é mais relativa que a outra, isso torna-se absoluto, daquela coisa em relação a esta outra.” 

- “Meio confuso, não?” 

- “Não.” 
 (tempo de pausa para ininteligibilidade)... 

- “Então, vamos nos limitar já que a ocasião sugere. Que lugares conhece por aqui? Campo Grande? Brasília, Manaus?” 

- “Bem...eu repito que eu prefiro o interior.” 

- “Mas por que esta predileção interiorana, de mentalidade rural, ligeiramente tardia em relação a nós? Vai de camionete, eu presumo!” 

- “Quanto ao veículo, também não. É tão simples caminhar pela grama, mas as pessoas preferem ir pelo asfalto. Porque ele é mais firme, não é escorregadio, e vai-se mais rápido. Assim, ignoram a beleza da paisagem..." 

 (tempo de pausa para irritabilidade, ainda do inquiridor) 

- “Quanto à preferência...sabe, meu caro...porque lá no interior é outro mundo. Um mundo totalmente diferente. Lá não tem fronteiras, porque não há distâncias. E por não haver espaço, não há tempo. Existe apenas clima, quase sempre agradável. Pois quando há tempestade, ela passa por cima, não cai. E neste clima com excelência de paz, a gente pode tudo. Se quer exemplos...lá, a gente pode caminhar à vontade e seguro. Encontrar quem a gente quer, embalada na rede da varanda numa casinha de campo à beira do riacho. A gente pode encontrar quem a gente quer, sentada na mesa da cozinha tomando um café tipo exportação feito no bule sobre o fogão à lenhaEncontrar quem a gente quer, entocada num cômodo isolado artesanando seu ofício ajudando a sustentar de pão, água e luz todos os outros ambientes. A gente pode encontrar quem a gente quer, estirada num sofá escutando música de preto convidando pra levantar e dançar junto. Encontrar quem a gente quer, refastelada numa cama lendo um livro de cabeceira de um poeta fugidio. E a gente pode encontrar quem a gente quer, parada ao nosso lado de mãos dadas aguardando o próximo passo no caminho da felicidade. Geralmente, quem a gente quer, lá não está em movimento. A razão disso, não se sabe exatamente...

- “Que lugar meio estranho, não?” 

- “Para mim, é extremamente familiar.” 

- “Onde fica isso?” 


- “No meu interior. No interior do meu organismo. Eu adoro viajar entre a planície dos meus pensamentos e o plano alto do meu coração.” 



 MÚSICA INCIDENTAL  -  "INIMAGINÁVEL"  /  TROY ROSSILHO 




Evento S.A.R. - "Running To Stand Still"


Reflexões ao som de boa música 


 "Running To Stand Still" 
 U 2 




sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Matri & Monium



 "Esperando Aviões" 
 Vander Lee 




Seção Parental

 SENSAÇÕES  

 "Que ele não seja uma linha, 
 Nem um texto, 
 Tampouco um livro em tua vida..  
 Que ele não seja uma prateleira, 
 Nem uma seção, 
 Muito menos uma livraria para ti..  
 Mesmo que tu feches de vez os olhos 
 Como se ele fosse uma página virada, 
 Um capítulo encerrado, 
 Ou o epílogo de uma estória, 
 Saibas que ele só admite viver-te...  
 Embora tenham sido tuas palavras que o conduziram ao horizonte 
 Mas acontece que no horizonte palavras não boiam 
 Elas precisam sustentar-se pelas sensações 
 E as sensações, 
 Ah, as sensações... 
 Elas são essencialmente presenciais." 
 - Otra de Queirós - 

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 "Há sensações que são sonos 
 Que ocupam como uma névoa toda a extensão do espírito 
 Que não deixam pensar 
 Que não deixam agir 
 Que não deixa claramente ser" 

 - Fernando Pessoa -