Diametralmente oposta a qualquer ordenamento jurídico, DESUNIÃO ESTÁVEL é uma imaginária relação multiafetiva ousada entre a Poesia e a Música. Como esses valores estão em declínio nos dias pós-modernos, decidi promover impulsos de acasalamento sentimental entre ambas, com a substancialidade e a emoção que brota dessas duas formas de expressividade dos sujeitos na sociedade civil, ou seja, nascentes da natureza humana. Aos amantes, as cortesias da Casa.
domingo, 26 de janeiro de 2014
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Contos sob a copa das Araucárias
PEDRAS BRANCAS
A densa garoa quebrava o
silêncio na tarde fria do litoral de agosto. Na varanda da casa perto da praia,
olhando para o morro, ele ouviu o chamado do lado oposto. Correu para lá,
deparando-se com grandes ondas no mar revoltoso e deserto por isso. Sem parar, desvencilhou-se das vestes cotidianas e mergulhou em direção à voz
que pedia por ele sem palavras. A baixa temperatura da água e o perigo
evidente, foram afastados não se sabe como. Onde não havia pé, a correnteza
lateralmente o conduzia. Era estranho, pois se sentiu completamente abraçado
por aquela situação como nunca antes o fora por afeto em sua vida: enfim, a
natureza respondera incorporando-o como elemento integrante da paisagem. Sua
característica vital se fez dominante, não havendo ninguém na orla em razão do mau tempo, portanto a
observá-lo, naquele vai e vem de vagas escuras e turbulentas, deixando-se levar por dezenas de minutos.
O raso estava fundo o suficiente para mantê-lo apenas com a fronte emersa
naquela praia agora de tombo. Pronto...ele atendera a solicitação do apelo silente. Foi então que começou a escutar a si mesmo. Revivera os momentos mais
importantes de sua existência, lembrando das pessoas que marcaram positivamente,
os traçados sinuosos de seu destino. Ligeiramente entristeceu, é verdade, mas
não foi preciso chorar diante de tanta elucidação. Porque era apenas como se estivesse partindo de um
lugar determinado: indo embora, foi que ele se encontrou. Uns dirão prontamente
que foi suicídio, pelo imediatismo. Os impressionáveis que foi acidente, pelo
hábito da sugestão. Os reflexivos, souberam mais tarde que foi apenas um fato, única
e exclusivamente em função de sua hora. Porque a espécie humana não cessa de rotular
seus semelhantes, nem mesmo quando deixam de sê-lo...
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
ACADEMIAs
Combinado, então. Por alguma espécie modificada
de comunicação sensorial, eles optaram há tempos pela distância. Sim, pois a vida
nunca deixará de ser uma simples sucessão de escolhas, por mais que não sejam tão
singelas as consequências dos seus atos. Ela, com seus estereótipos. Ele, com seus
conceitos. Por isso, eliminaram a chance do encontro e deixaram de viver um grande
amor, para seguir ao encalço de expectativas que não esconderam por um lado a ansiedade, de outro a descoberta de uma
real companhia. Enquanto ela dança nas sombras inventando músicas, ele canta em
silêncio arranjando letras. Cada qual com sua variante de fuga, fazendo da arte
um refúgio, mas resumindo-se a levar de carona o medo para lugar nenhum. Dela, jamais
se soube, se continua ou não em busca de afinidade, sinal de que administrou bem
o desvio. Ele, reitera que só se esgotará quando for infinito, indício de que ela,
é verdadeiramente o sentimento. Entre luzes e sons dispersos, a consciência de que
a beleza existe. Feliz de quem pode, corajosamente, vivê-la.
"Se as coisas são
inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a presença distante das estrelas!"
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a presença distante das estrelas!"
- MÁRIO QUINTANA -
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
hERMENÊUTICA <> aLGUÉM cANTANDO / zÉLIA dUNCAN & sIMONE
SINOPSE
Esta extraordinária
música de Caetano Veloso, evidencia o importante demonstrar da essência do ser humano,
expressando-se na forma de cantoria, as coisas do coração. O canto, nos aproxima da
natureza, à medida que é manifestação ou exteriorização das nossas vontades emocionais,
independente mesmo de suas consequências...
"aLGUÉM cANTANDO"
por zÉLIA dUNCAN & sIMONE
CONSONANTAIS
Houve o dia em que o tempo foi
embora, deixando ao encargo do espaço o andamento das coisas da vida. Tantos caminhos
passaram por ali, até finalmente aportar o desafio. O desafio em discernir o
que é destino, do que venha a ser acaso, invenção ou conveniência. Vida que deu
voltas, outra que suspendeu. E agora, frente a frente, o mistério em saber se aquilo
que já não é apenas algo, transformar-se-á, mas lado a lado. Dúvidas que
provocam sob o novo sol a mente diária, para às noites chover um pouco de
certezas. O frescor da brisa local eleva os corações num bailado silencioso com
iminência de prelúdio, anunciação que permite sentir o início de um ato pleno de respostas.
Uma mulher, um homem, e o mundo aos seus passos. Poderiam sentar-se em um cômodo
qualquer e observar paralela e acanhadamente os pretéritos encerrados. Mas não, pois também possuem a chance de colocar à mesa suas essências, comungando um presente que pede corajosamente
para acontecer. Percebem, que não é uma simples mudança de estação. Como o tempo
já não está, então é respeitar o embalo das vozes, o encontro. O encontro com força em dígrafo,
que afasta acasos, invenções e conveniências. E que talvez, não em brevidade, faça
soar a melodia do afeto, revelando pelos nobres sentidos as percepções de novas
e merecidas possibilidades...
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