segunda-feira, 6 de outubro de 2014

ENCERRAMENTO de TEMPORADA



  RESPEITÁVEL PÚBLICO!! 

 ENCERRA-SE AQUI, 
 A TEMPORADA DE ESPETÁCULOS. 
 MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS AO POVO  
 DE BRASIL,  
 MALÁSIA, ESTADOS UNIDOS,  
 ALEMANHA, RÚSSIA, REINO UNIDO,  
 CHINA.  
 POLÔNIA, UCRÂNIA E INDONÉSIA.  
 GRATO PELA COMPANHIA! 
 ESPERO QUE TENHAM GOSTADO. 
 ERA O QUE TINHA. 

 FELICIDADES A TODOS, 

 EDUARDO. 







Congresso das Poesias Vivas - "A Indiferença" segundo eles



"A indiferença, pode ser o medo de ter a coragem para se reconhecer as igualdades." 
Marin CHÊNE 

"Enquanto o amor é rapaz que se desnuda, a indiferença é moça que se esconde muda." 
Henry DERNIER  

“O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença.” 
Érico VERÍSSIMO 

“O contrário do Amor - 
O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença...o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.” 
Martha MEDEIROS 

“Preferi sempre a loucura das paixões à sabedoria da indiferença.” 
Anatole FRANCE 

“Aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...”  
William SHAKESPEARE 

“A indiferença é a maneira mais polida de desprezar alguém.” 
Mario QUINTANA 

“O desejo é a metade da vida; a indiferença a metade da morte!” 
Khalil GIBRAN 

“Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.
Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.
Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.
Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.
De boca amarga e de alma triste 

sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.
(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)”   
Cecília MEIRELES   

“Não há metade do coração. Ou todo o amor ou toda a indiferença; quando não, é uma insustentável impostura, chamada estima.” 
Camilo CASTELO BRANCO 

“Pessoas vão se transformando em peso para o mundo. Acabam com dois mil quilos de indiferença, desagrado e solidão.” 
Artur da TÁVOLA 

“Com tua indiferença percebi o quanto vale um carinho.” 
Jean Carlos SESTREM 

“O olhar indiferente é um perpétuo adeus.” 
Malcolm CHAZAL 

“Um dia você usa de tanta indiferença com alguém que consegue exatamente o que deseja: ser esquecido.” 
Augusto BRANCO 

“G. Junqueiro? Tenho uma grande indiferença pela obra dele. Já o vi...Nunca pude admirar um poeta que me foi possível ver.” 
Fernando PESSOA 

“Não se pode escrever nada com indiferença.” 
Simone de BEAUVOIR 

“A indiferença, é o insumo permanentemente disponibilizado para um jardim estéril.” 
Eduardo CARVAL 




quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Mergulhando sobre o Aquífero Guarani


Meu organismo se afasta de mim, ao mesmo tempo em que tento me aproximar de minha alma. Um cabo de guerra fria interior, deslocando-me do meu próprio centro. Para onde vou? Se eu não quero ir para lá por não fazer mais sentido. Se eu não quero ficar aqui por não ser o que quero. Eu não quero ficar, quero ir, em movimento uniforme, retilíneo ou não, mas que fosse dentro de mim mesmo. Afinal, tanto que construí ao redor do meu eu, que não posso abandonar tudo isso. É tão bonito por aqui. Aqui tem praia, daqui vejo o mar. Aqui tem montanha, daqui vejo os rios. Aqui tem o campo, daqui vejo a relva. Todos os meus lugares estão aqui dentro. Não é preciso ir muito longe, para passear e dar de cara com meus horizontes. Meus passos sabem de cor o caminho. Meus braços aprenderam a direção. Mas os meus laços estão se desfazendo. Pessoas estão partindo, a maioria está de passagem, ninguém permanece. Será que eles realmente olham a minha natureza? Ou sou eu quem está enganado quanto à beleza do mundo? Teria a minha tese variante da interlocução presencial entre os sujeitos, sido superada por alguma antítese mundana pós-moderna? Estou desatualizado no tocante às alheias pautas de valores. A natureza humana, por mais bela que seja, não está sendo capaz de atrair outras pessoas, mesmo sem procurar. O belo ganhou relatividade, meu absoluto faleceu. E é com a morte de tudo isso dentro de mim que eu busco me encontrar aqui mesmo, sem sair de onde me cabe. Apenas querendo um lugar mais tranquilo, onde eu pudesse tomar sol nu, onde eu pudesse cantar bem alto, onde eu pudesse me masturbar sem culpas, onde eu pudesse sonhar com alguém caminhando volitivamente pela natureza minha. Alguém que não ficasse o tempo todo junto, em razão da atenção à sua própria natureza, outra, respeito às individualidades. Mas este alguém não existe, sonhos não dão frutos, apenas a realidade pode fazer isso. Então, que eu me contente com tudo aquilo que está ao meu alcance. Com tudo o que eu posso perceber através dos meus órgãos dos sentidos. Até com as coisas que eu não sinto, eu devo me alegrar. Com o sorriso dos outros, por exemplo, como é bom vê-los felizes, amando ou não, vivendo à sua boa maneira, cada qual de acordo com o que lhe satisfaz. Chego nessa parte de minha História, de cabeça erguida. Não destruí, não desagreguei, não causei ilícitos. Não fiz nada de desinteressante para ninguém, a ponto de me tornar interessante para alguém. Mas tenho orgulho de minha pessoa, não faria diferente se tivesse outra oportunidade. Não tive tantas chances, por não me submeter às vicissitudes nem aos caprichos do ego, o qual dominei com precisão, pois sempre pensei que Tudo que significasse emoção, devia ser natural, eu apenas fluí. Não fui bastardo dos acasos: se não encontrei, é porque não devia; se não me encontraram, é porque eu não merecia. Então a minha paisagem permanecerá vazia. Jamais de beleza, vazia apenas de outras belezas. No fundo, é muito bom morar assim. A gente vê o mundo lá fora com tanta independência, que acaba acreditando que é possível ser feliz sozinho. Mais ainda: que não é preciso ser feliz para bem viver...basta que percorramos todos os nossos caminhos internos, sem medo de onde eles possam nos levar. E há muitos espaços, como nossas angras, baías, cabos, estreitos, barras, cordões, lagunas, istmos, tômbolos, restingas, ilhas e penínsulas, são todos feitos para nós mesmos singrarmos, por isso os chamamos de nossos, simples não? Afinal, estaremos sempre e não impropriamente dentro de nós. Aquela tal independência, nunca nos fará alienar. Um coração, tem diversas funções na vida, ele não serve somente para amar. Ao menos, eu tentei. Se fui apenas Estória para todos, paciência. Agora, é obedecer a essa doce agitação do corpo, a esta saudável inquietude da alma: agora, é viajar...



quarta-feira, 1 de outubro de 2014

La esencia femenina de América Latina / MERCEDES SOSA


 Mercedes Sosa 
 > Buenos Aires 

 - poema musicado sobre a história da poetisa Alfonsina Storni 

 * 

 "alfonsina y el mar" 




Alfonsina Y El Mar 


Por la blanda arena que lame el mar
Su pequeña huella no vuelve más
Un sendero solo de pena y silencio llegó
Hasta el agua profunda
Un sendero solo de penas mudas llegó
Hasta la espuma

Sabe Dios que angustia te acompañó
Que dolores viejos calló tu voz
Para recostarte arrullada en el canto de las
Caracolas marinas
La canción que canta en el fondo oscuro del mar
La caracola

Te vas Alfonsina con tu soledad
¿Qué poemas nuevos fuiste a buscar?
Una voz antigua de viento y de sal
Te requiebra el alma y la está llevando
Y te vas hacia allá, como en sueños
Dormida, Alfonsina, vestida de mar 

Cinco sirenitas te llevarán
Por caminos de algas y de coral
Y fosforescentes caballos marinos harán
Una ronda a tu lado
Y los habitantes del agua van a jugar
Pronto a tu lado

Bájame la lámpara un poco más
Déjame que duerma Nodriza en paz
Y si llama él no le digas que estoy
Dile que Alfonsina no vuelve
Y si llama él no le digas nunca que estoy
Di que me he ido

Te vas Alfonsina con tu soledad
¿Qué poemas nuevos fuiste a buscar?
Una voz antigua de viento y de sal
Te requiebra el alma y la está llevando
Y te vas hacia allá como en sueños
Dormida, Alfonsina, vestida de mar 



Contos muito aquém da copa das Araucárias / +


 A MENINA MOÇA 



- A isenção é realmente o melhor condutor. Pode nos levar a extensos panoramas, vistas deslumbrantes, caminhos infinitos só pela leveza do desapego. O Estoicismo, é mesmo uma escola filosófica com jeito de academia superior. Como foi bom encontrar os elos desta corrente - 

Anteontem, um cumprimento junto com generoso sorriso e igual aceno, ele nem lembrava quem era. Pule-se ontem, como rege a lei das coisas. Hoje, ela parou em sua frente. Apresentou-se para a conversa, ele educadamente deu inicio ao diálogo, lembrou-se. Dois ou três minutos foi um tempo muito além do que nem se esperava. Para ele, uma surpresa, para ela, não se sabe o que. Isento de tudo, entregou-se à naturalidade de uma conversação idealmente civil e civilizada. Fez lembrar que é extremamente prazeroso falar assim, desprovido de ideias ou pensamentos, curiosidades ou pretensões, quereres, vontades ou desejos, e também por outro lado, de interesses de qualquer espécie: exercício de liberdade plena. Mas ele refletiu sobre aquilo, sem precisar buscar sentido. Sua jovialidade (dela) transbordava ao redor dos seus cabelos dourados, ela devia ter algo a ver com o sol, em tons de princípio. Permaneceu sorrindo o tempo todo, jeitinho de manhã. Ele não olhou para o seu corpo, apenas viu aquele dócil semblante. Ele perguntava, ela se soltava nas respostas. Ele, do alto das suas quase três décadas à frente da mocinha vintenária, absorvia aquilo como quem chega na praça, e depara-se com espaços, relativos a natureza virginal das coisas dali a ser desbravada com lentidão, mas só para quem se habilita. Ela contou da sua faculdade, do trancamento de matrícula, do novo vestibular, notícias de broto procurando a luz. Não a aconselhou, por não fazer sentido, apenas apoiou a mudança, algo que talvez ela estivesse precisando. Simpatia imensa a da guria, de animar o mais incrédulo dos céticos nas relações deturpadamente sociais. Mesmo falando tanto, ela ficou sem jeito, e num impulso foi para a esteira da academia, deixando no ar que havia bastante ainda a ser conversado. E ele foi embora pensando nas coisas do tempo...se ele tivesse a idade dela, talvez fosse tomado pela vontade de conhecê-la, pois o papo foi de uma fluência ímpar, como se no passado, quando ela tinha uns dez ou doze anos, as então famílias se frequentassem. Mas o ‘se’ é uma hipótese morta, que alguém se esqueceu de enterrar. E aquela menina representava vida em ascensão. Noutra especulação do pensamento, ele viu-se dando orientações a ela no sentido profissional, conversando mais a fundo, em outro lugar. Então iria embora, depois de um tchau fraterno, para aquela que era irmã da amiga da filha dele. O limite, a certeza, a razão, ponto final. Mas eis que a vida não encerra surpresas enquanto se vive: ela no dia seguinte o procurou novamente, desta vez na saída do lugar. Chamou-o pelo nome, e disse-lhe que queria poder lhe falar uma coisa. Totalmente longe dali, ele indagou. Não tivesse feito isso, devia ter desconversado e ido embora tomar logo seu banho, a velha desculpa do horário de trabalho, mas ele jamais imaginaria tal acontecimento: ela confessou num rampante bravio de sua ingenuidade que desejava sair com ele, mas "só pra conversar". Sua experiência, lhe fez conduzi-la a um canto em reservado no jardim, ela pensou que ele fosse beijá-la. A maioria dos homens talvez fizesse isso mesmo, ele não, é minoria em extinção, esta uma das suas poucas excentricidades que lhe dão certo orgulho. Falou para ela que gostava muito dos pais dela, da outra irmã, e que lamentava a separação deles, embora devamos respeitar a busca de dias melhores para todos, não importando quando. Que ela era uma moça muito bonita, alegre, conversadora, agradável, legal, mas que ela deveria buscar amigos ou relacionamentos com rapazes da idade dela. Não por preconceito, nem por tabu ou medo de encarar algo absurdamente novo para ele. Mas por nexo, por noção, por sentidos, consciência e tudo mais. Quando ele percebeu, rolou uma lágrima no rosto dela. Ele a abraçou e deu-lhe enfim um beijo: na testa. Ele, antes de mandar um abraço para todos, finalizou dizendo que isso passaria, que hoje chovia, mas amanhã haverá sol. Lembrou-a do apelido que ele tinha dado a ela no passado, reiterando que para ele, ela nunca teria nome, só aquele apelido. Ela sorriu, e vai entender tudo com o tempo. Logo irá gostar de alguém equivalente ao seu próprio tempo. Ele se foi, sem pensar por que motivo ela havia invocado com ele, coisas da vida, sabe-se lá, não é preciso se explicar tudo. Mas ele não saiu dali sem perplexidade, em relação aos rumos que as condutas das pessoas estão tomando, a juventude, principalmente quanto à sua motivação, suas razões de ser, quereres, vontades, desejos...carências! Seria tão fácil e irresponsável levá-la para casa, fazerem sexo, ele ensinar sexo a ela, tornarem-se parceiros de carinho impossível. Os caminhos mais fáceis são mesmo os piores. É muito difícil um homem experiente gostar de alguém sem malícia, sem anos de vivência, sem aventuras, sem vitórias, sem discernimento, sem crivos, critérios nem consciência crítica para dizer não a este mesmo homem. Um homem só pode gostar de verdade quando aceita a negação como parte do relacionamento, como risco assumido, é o não caminhando junto com o sim. Do contrário, não há sabor, não tem graça, é só calmaria em água morna. Corações precisam arder, queimar mutuamente o fogo que esquenta o espaço do peito, espalha-se pelo tórax, aquece e excita o resto do organismo. As mentes precisam indignar-se, revoltar-se saudável e pacificamente contra os silêncios, as indiferenças e os medos da pessoa amada. Quem ama não cala. Quem ama tem coragem de se propor ao amor, mesmo que ainda não ame ou que não seja amado. Mas há aqueles que não querem amar ou que nem querem ser amados. E tem outros ainda que se negam em amar quem já os ame, não estão errados. Foi assim com ele em relação à menina, o mesmo que se deu com uma mulher em relação a ele em outra época da vida. Não adianta, o amor é mesmo um festival de reciprocidades. Tudo aquilo que é unilateral, tende a secar no sol como as frutas que não foram apanhadas maduras nos galhos das árvores: perdem a cor, perdem seu tempo, morrendo no espaço a chance do amor. Todo dia é uma nova chance. Mas atenção, porque não há novas chances para um mesmo amor...
No dia seguinte, 'Dagoberta' voltou ao seu horário normal de exercícios naquele lugar.