sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Contos sob a copa das Araucárias


 DEPOIS DAS ESTAÇÕES II 


Depara-te com teu hoje. Vê a face que te veem nos dias, a mesma que tu escondes em todas as noites. Traços indefinidos, contornam os órgãos que já não alcançam devidamente os sentidos. O tempo venceu a batalha que não travaste com teu outro eu. Perdeste duplamente então, antes fugindo do mundo que não devia ser, agora chegando à vida que não se evitou. O fracasso, é algo muito singelo para simbolizar uma existência parcial, onde tudo se interrompia. A conscientização do impossível, que finalmente tome a frente dos teus olhos assexuados, mostrando ao breve futuro teu, que o reino das alegrias é bem distante dali, temporal e geograficamente. Quem sabe um susto qualquer não venha tanto como surpresa, por reconheceres que aquilo foi por diversas vezes anunciado. Pois tudo o que sofreste em cada paixão bandoleira, não passou perto da força latente e avassaladora de teu único e verdadeiro desamor. Recolhe-te, à clausura sentimental que ingenuamente não escolheste para sobreviver, e dela extrai o sumo dos desencontros, matando a todo sábado uma sede que eternamente viverá. Porque o silêncio de tua garganta, em nome da boa educação dos conviventes, nada mais foi do que o vento que ressecaste teu sempre rosto de passados sem atitude, simplesmente pela nociva omissão em dizer para ela, “eu te amo”. Esta, tua maior verdade. O resto, são bizarras invenções maquiadas de realidade. É que os amores mais nobres, são fruto apenas da simplicidade dos que fazem correta e bilateralmente a higiene pessoal das impurezas do medo.. 

KAMASUTRA


 "STOP THIS TRAIN" 
 JOHN MAYER 



 DEPOIS DAS ESTAÇÕES  -  por Martin Suplika 

Abro os braços para o firmamento por hora em breu 
A receber a força energética estelar de gêmeos 
Desvencilhando-me em definitivo de todos os meus amores vis.. 
Se me deram um dia sustentação, 
Que amanhã eu possa levitar por conta própria 
Deixando de ser levado pela vida como ela seria 
Para então conduzi-la como ela é 
E a assertiva consciência de que sempre foi assim.. 
Numa vida de incompletudes, 
As metades já eram luz 


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Contos sob a copa das Araucárias


 DOMINAÇÃO 



Falos, são superlativos insetos de carne nutridos a sangue, polinizando aleatoriamente parcos mililitros de sêmen sobre os gineceus desabrochados e negligentes, a pulular o globo terrestre não sem deformar respectivos abdomens e consciências, preenchendo vácuos nos atores sociais sem roteiro, característica remanescente do estado de natureza. O eterno combate entre suas porções, animal versus animalesca. Quando esta prevalece, bebês vêm sem convite à festa do baconiano mundo contemporâneo, quando raro, conseguem divertir-se. Aportam em famílias despreparadas, morando em lares incompletos, para depois adentrar em hospitais insalubres, frequentar escolas destruídas e no começo voltar ao poluto meio ambiental nunca antes socializado também de ofícios. Sim, somos todos frutos de relações sexuais, uns cobertos com glacê de amor inventado quando caímos ao chão de uma árvore verde mas oca, sucumbindo fatal e posteriormente ao sol das verdades em curso. Permanecemos reféns de estórias contadas pelos que nos deveriam prover um presente de relações civis virtuosas, em função de sua inconsequência pretérita, como aquela na qual insistem estarmos sob o crivo de um senhor que não aparece em nossa frente nem para dar bom dia. Um país sem controle de natalidade, pede para perder seu rumo. Pois para eles, os politicamente aéticos, é preciso que as vaginas do futuro estejam sempre umedecidas e sujeitas àqueles membros em riste, ópio natural para quem diuturnamente manipulado não goza seus direitos, artificiosa e supletiva variante de alegria dos que não podem ser cidadãos, ou então sujeitos plenos de cívica felicidade.