terça-feira, 25 de abril de 2017

Doze Letras


Minha poesia, 
    não é poesia
Ora é síntese, ora infinito
Às vezes terra firme, na maioria, ondas
Também pode ser clarão ou escuridão...
Várias vezes foi nada
Jamais será tudo
Não deixará de ser algo
Algo que me move à estagnação,
Que me cala a tristeza do lugar,
Silencia o vazio do tempo
E aquieta a minha morte em branco,
Gritando à toda noite, 
    promíscua
    anônima e
    substancialmente idiota... 




sábado, 22 de abril de 2017

Amar Temática


O amor vem do nada
Ele e ela,
Papel e caneta
Inicia-se somando
Até que se multiplica
Em tempo indeterminado, se iguala
E então começa a se diferenciar
Para então diminuir
Até se dividir,
    em tantas folhas secas
E voltar ao quase nada...




terça-feira, 18 de abril de 2017

Um Lugar Para Morrer




Esquecer o tempo. Todo o passado e os dias de hoje. Por tudo ter sido sempre igual, é evidente o sinal, de que os anos pouco significaram, a dimensão haveria de ser outra. O reconhecimento da linearidade das coisas a cada novo calendário, é a única chuva que urge vir cedo. E não me digam que é contrassenso, pois isso vem de outro plano. Por que razão, em se tratando de relações sociais, com novas pessoas acontece sempre os mesmos desencontros? O óbvio me diz que sou eu, o constante. O mesmo, o igual, o comum e banal. Os outros, não são assim. Eles são legais, divertidos, reflexivos e otimistas. Compreensivos, interpretam bem o que se passa nos relacionamentos. São bons condutores deles, os relacionamentos. Têm comportamento exemplar, condutas serenas, tudo construtivo em cima do meu pântano que nem jacaré possui, dada a baixa categoria de minha natureza. Onde faltam coaxos, sobram uivos. Os meus lobos, estão fora de mim: à espreita dos meus atos, uivam a toda lágrima de quem não faço feliz. Sombrio, até sob os raios de sol, é assim onde eu vivo. Onde não mora ninguém, onde não passa ninguém e onde não há samba. Não sou bom sujeito, sempre me lembro disso, tenho joelhos operados que ainda aguardam a próxima peleja de futebol, uma utopia que já se foi água abaixo junto com tantas outras, em função da área pantanosa ter aumentado a pau, na latina mente. Muito foi-se embora, pessoas, parentes, animais domésticos, flores. E eu não via que era pântano. Eu não soube construir palafitas. Eu não soube erguer amores. Para mim, o amor é uma palafita muito bem fincada, lá no fundo onde a gente não vê. E nem sabe ser o fundo, feito de quê. Eu não fui até lá. Nado na superfície das emoções. Perambulo nas vicinais dos caminhos, rondando pela circunferência das verdades. Essa vida periférica, como se tudo fosse silhueta desenhada no papel sobre a mesa, longe do chão da realidade, trouxe-me uma adaptação darwiniana. Sem reconhecimento, criei asas. Sem reciprocidade, desenvolvi asas. Sem afeto, inventei vegetação e paisagem para repousar o olhar. Para concluir que é somente ao contemplar a natureza, que a gente encontra a paz. O resto, são fracassáveis tentativas que não tardam em respeitar aquela igualdade temporal. Não sou humano. Sou uma ave pantaneira, que se recusa a morrer neste local. Tenho que ir em boa hora, terminar longe de aqui, vossa mercê jamais entenderá o meu lamento. Que é esse meu canto, feito de letras que boiam nas águas da única dimensão que me restou: um espaço chamado nunca...